O Estádio Los Nogales e o Club Deportivo Ferroviários (Rolê pelo Chile – parte 6 de 9)

Janeiro de 2025.
Estivemos de rolê pelo Chile e já falamos sobre as aventuras futebolísticas em Viña del Mar, Valparaíso, Algarrobo, Curacaví, e o Estádio Municipal de La Cisterna, a casa do Palestino, em Santiago!
Agora é hora de falar sobre o CD Ferroviários e o Estádio Arturo Rojas Paredes, também conhecido como Estádio Los Nogales, onde manda seus jogos atualmente!

O rolê pelo Chile foi tão legal que não tem como voltar e não nos sentirmos parte do que vivemos. Realmente fronteiras são apenas linhas em um mapa… Somos todos latinos, fazemos parte disso tudo, desde muito tempo atrás…

O principal povo que viviam na região de Santiago era os Mapuches, grupo mais representativo do país. Esta é a bandeira deles:

Eram chamados de Araucanos pelos espanhóis, mas os próprios Mapuches consideram este termo pejorativo.

A Santiago atual é uma capital moderna e super desenvolvida e oferece muitas opções para diversão e cultura. Aqui, o Cerro Santa Lucía, que oferece um visual bem bacana!

Do outro lado da rua dele tem uma feirinha de bugigangas legal também!

Pra comer em Santiago sempre recomendamos o El Naturista, um restaurante vegetariano bem gostoso e no centro da cidade.

De sobremesa umas frutas nas ruas sempre cai bem!

Ou, um Mote com Huesillo, uma das melhores coisas que nasceram da união dos espanhóis com os povos locais.

A bebida é um suco de pêssego com grãos cozidos de trigo (contribuição dos espanhóis) com um pêssego em calda em cima pra dar um tchan! Eu adoro!

Muito bem alimentados, é hora de conhecer mais um time importante para a história do futebol chileno: o Club Deportivo Ferroviários de Chile.

O clube foi fundado em 14 de julho de 1916, por trabalhadores ferroviários no bairro San Eugenio e começou se dedicando às competições amadoras.
Na época, o time se denominava Unión Ferroviarios e mandava seus jogos no Estádio do próprio bairro, que hoje se encontra em demolição, como dá pra ver pela imagem do Google:

Em 1927, o CD Ferroviários passou a disputar a divisão de acesso da Asociación de Fútbol de Santiago, mas em 1933, como muitos dos clubes da Asociación abandonaram a entidade para formar a Liga Profesional de Fútbol, o Ferroviários passou a fazer parte da primeira divisão. Aqui a tabela do campeonato de 1934:

De 1935 a 1945, disputou o segundo nível do Campeonato Chileno. Olha o time de 1943:

Nesse período, mais especificamente em 14 de julho de 1941 foi inaugurado o Estádio Ferroviário Hugo Arqueros Rodríguez, também chamado de Estádio San Eugenio, a casa do time, no bairro “Estação Central” com incrível capacidade para 31 mil torcedores.

Infelizmente, assim como ocorreu no Brasil, no Chile, a Ferrovia acabou perdendo espaço e com o seu “esvaziamento” o estádio acabou sendo tomado do time…

Em 1947, fez parte dos 15 times que deram origem a Divisão de Acesso (depois Divisão de Honra Amadora – DIVHA), da qual saiu campeão em 1949 obtendo o acesso à Primeira Divisão.
Em 1950, o time funde-se com o Bádminton surgindo o Ferrobádminton.

O novo time teve sucesso e permaneceu na primeira divisão até 1964, quando cai para a “1ª B”, voltando para a 1ªA no ano seguinte.
Novamente desce para a 1ª B.
A união entre os dois times durou até 1969, quando voltaram a ter vidas independentes.

Assim, até 82, o Ferroviários permanece na divisão de acesso, a 1ªB, com destaque para o time de 72 que foi vice campeão, não obtendo vaga para a primeira divisão.

O time passa a disputar as divisões amadoras do Campeonato Chileno: 3ªA e 3ªB.
3ªA em 1983 e fica até 87, quando cai para a 3ªB.
Disputa a 3ª B até 1997, quando volta para a 3ªA.
Fica na 3ªA até o ano 2000, volta para a 3ªB e fica até 2003.
De volta à 3ª A permanece aí até 2008.
Disputa a 3ª B até 2018.
Em 2019 disputa sua última (até então) edição da 3ªA e fica até atualmente a 3ªB.

Esse é o grupo do time esse ano de 2025:

Atualmente o CD Ferroviários manda suas partidas no Estádio Arturo Rojas Paredes e fomos até lá pra registrar esse campo e para bater um papo com o Luís Tapia, um apaixonado pelo time!

Mais uma estádio incrível e construindo sua história no futebol chileno!

O Estádio é simples, mas bem aconchegante, se liga na arquibancada com 4 degraus, com uma exclusiva cobertura!

A arquibancada vista por baixo:

O recado é claro, mas eu tenho a permissão…

Dá um giro com a gente pelo campo!

O Estádio fica em um bairro residencial na região da Estación Central e é referência para os atletas da região, sendo a base para diversos projetos sociais e também sendo a casa do CD Ferroviários.

O estádio do CD Ferroviarios é muito mais do que um simples campo de futebol.
Ele carrega a história de um clube fundado por trabalhadores ferroviários em 1916, refletindo a tradição operária e a identidade de uma comunidade que cresceu ao redor das ferrovias.

Embora seja um estádio modesto, sem grandes arquibancadas ou infraestrutura luxuosa, ele mantém um ambiente intimista e acolhedor, onde a torcida fica próxima ao campo e cada jogo se torna uma celebração do futebol de verdade.
Los Nogales é um daqueles lugares onde o futebol ainda preserva seu espírito mais puro, onde os torcedores comparecem não pelo espetáculo, mas pelo amor à camisa e à tradição.

Olha aí a rapaziada da base do Ferroviários. Será que algum deles um dia fará história no futebol? Espero que sim!

No pós jogo apareceu até uma camisa do Santos ali…

O fim do treino foi marcado por uma preleção da comissão técnica.

E também surgiu uma camisa do Atlético Paranaense…

Esse é o gol do lado esquerdo:

Aqui o meio campo

E o gol do lado direito, onde existe um ginásio.
Mais do que um campo de futebol, o estádio é um símbolo de resistência.
Assim como o Ferroviarios luta para se manter vivo no futebol chileno, seu campo sobrevive como um refúgio do futebol romântico, onde o esforço supera os recursos e a história se mantém viva a cada partida disputada.

E aí está o homem que conduz o time e todas as ações do Ferroviários: Luis Tapia, o presidente!

Luis Tapia é um homem guiado pela paixão.
Primeiro, foi a ferrovia, onde dedicou anos de sua vida, vendo os trilhos cortarem o Chile como veias de um país em movimento.
Depois, veio o Club Deportivo Ferroviarios, um time que, assim como os trens que ele tanto admirava, segue firme no caminho, apesar dos desafios e dos obstáculos.

Algumas fotos históricas ilustram o escritório do time:

Mas o ponto alto são as camisas oficiais do time do coração do Luis, que ele guarda com muito carinho.

Hoje, como presidente do clube, Tapia comanda um time que batalha na 3ªB chilena, a sexta divisão do futebol nacional.
Para muitos, uma posição tão modesta poderia ser motivo de desistência, mas para ele, é apenas um detalhe.
Seu amor pelo Ferroviarios é romântico, daqueles que não dependem de glória ou grandes conquistas.
Ele vê no clube o reflexo da resistência e da história dos trabalhadores ferroviários que deram origem à equipe, e isso basta para continuar lutando.
Assim como um maquinista nunca abandona sua locomotiva, Luis Tapia segue à frente do Ferroviarios, com a mesma fé que um dia o fez acreditar na força das ferrovias.
Porque, no fim, mais importante do que a chegada é a jornada.
E Tapia seguirá nos trilhos desse amor, custe o que custar.

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O Estádio Olímpico e o futebol em Curacaví (Rolê pelo Chile – parte 4 de 9)

Janeiro de 2025.
4º post sobre nosso rolê pelo Chile.
Após falarmos sobre Viña del Mar (clique nas cidades para ver os posts), Valparaíso e Algarrobo, agora é a vez de conhecer Curacaví, seus doces incríveis e o seu futebol, com destaque para o Estádio Olímpico Curacaví.

Durante nossa estadia no Chile, por várias vezes escutamos as pessoas falarem sobre os tais “Dulces de Curacaví“, demorou até entender que Curacaví era um lugar, mais precisamente uma comuna da Região Metropolitana de Santiago localizada estrategicamente entre Algarrobo e Santiago.

Assim, lá fomos nós conhecer a cidade chilena entre as colinas da Cordilheira da Costa.

O nome da cidade tem origem Mapuche (linguagem Mapudungu) da soma das palavras “cura” e “cahuín”, que significa “encontro – ou reduç˜ão – na pedra”.
Os assentamentos pré-colombianos de Curacaví são do povo Picunche (significa “povo do norte”e essa denominação foi criada pelos historiadores para diferenciá-los dos Mapuches do sul).
Aliás, vale conhecer esse mapa dos povos originários do Chile:

Quando os espanhóis chegaram, no século XVI, os Picunches estavam enfraquecidos por combater uma invasão dos Incas (guerra Inca-Mapuche) e assim foi realmente difícil sobreviver às duas batalhas ao mesmo tempo.

Os Picunches acabaram tendo sua cultura destruída pelos espanhóis e perderam mais de 75% de sua população em menos de um século.
Ainda assim, são considerados os ancestrais ameríndios dos chilenos.
O primeiro documento oficial sobre a história de Curacaví, datado de 1550 diz que ali havia uma aldeia Promaucae (nome dado aos Picunches que viviam nesta região) e que estes foram entregues como “encomiendas” por Pedro de Valdivia a Juan Bautista Pastene.

A atual Curacaví era composta por apenas duas propriedades no século XVII que acabaram se dividindo junto aos descendentes dos proprietários.
Aos poucos o local foi se tornando ponto de parada para os viajantes já que se localiza no meio do caminho entre a capital e o litoral.
Olha que legal um dos ônibus que fazia essa linha (foto da fanpage Fotos Antigas de Curacaví):

No início do século XX, algumas famílias começaram a fazer doces, como Don Justo Poblete e aproveitando o movimento dos viajantes para vendê-los.
Os doces eram cozidos em fornos de barro e recheados com manjar, melcocha, doce de abóbora ou doce de pera.
Surgiram marcas como Los Hornitos, Agua de Piedra, Parolo, Doña Elisa e Doces ISSA.

Os doces de Curacavi viraram uma grande tradição nacional, vendidos frescos e dificilmente em supermercados.
Atualmente, existem cerca de cinquenta fábricas que produzem doces chilenos em Curacaví, e fomos conhecer estas delícias “in loco” na loja Dulces Sandy!

É difícil explicar mais porque são várias opções de sabores bem diferentes uns dos outros, mas posso dizer que não são tão doces e enjoativos.
O mais conhecido é chamado “Los Chilenitos“, tipo um sanduíche de dois biscoitos artesanais com recheio de doce de leite, como um alfajor com menos massa, tudo muito caseiro.

Dá uma olhada na loja:

É… tome um copo d’água, esqueça a água na boca e vamos falar de outra paixão chilena, além dos doces: o futebol!
E Curacaví também tem uma bela história no futebol amador e profissional, e começamos nosso rolê indo conhecer o Estádio San Luis De Campolindo.

O Estádio é a casa do CD San Luis de Campolindo, fundado em 10 de abril de 1934.

O San Luis de Campolindo é uma equipe amadora mas que já revelou jogadores para o futebol profissional e possui um estádio muito bem cuidado.

Além do estádio, o time possui uma apaixonada torcida, como se pode ver na inscrição do muro ao fundo: a Canários Wapos!

E falando em jogadores da cidade, o melhor exemplo é Roberto Gutiérrez, que estava no Estádio durante nossa visita e que jogou em diversas equipes chilenas, como o Palestino.

Olha ele dando um tapa no gramado enquanto conversamos:

E bacana a montanha ao fundo do campo né?

Atravessando para o outro lado do rio que serpenteia as costas do estádio chegamos à principal casa do futebol de Curacaví: o Estádio Olímpico Curacaví.

Também tendo a montanha como moldura. O azul das arquibancadas e até dos bancos de reserva (bastante simples) contrasta com a cor de terra da montanha e cria um cenário único, inesquecível para quem ama natureza e futebol.

A arquibancada é pequena, mas permitiu a utilização do estádio por diferentes times em competições oficiais do Chile.
Ah, e existe também um sistema de iluminação que permite partidas noturnas.

Um dos times que disputou o profissionalismo em Curacaví é o Juventud O’Higgins.

O Juventud O’Higgins foi fundado em 17 de outubro de 1956.
Entre 1986 e 1997 disputou as divisões Terceira A e a Terceira B (quarto e quinto nível do futebol chileno), e atualmente disputa o amador regional.
Aqui, o time de 2022:

A fanpage Equipes de Futbol do Chile traz algumas fotos incríveis mostrando as equipes que foram campeãs das divisões de acesso:

Em 1985, liderou o campeonato e sgrou-se campeão mais uma vez do quarto nível:

Esteve a um passo de subir para a Segunda Divisão en 1989.
Em 1993, o Juventud O’Higgins foi campeão da Terceira B pela última vez, depois de vencer o Unión Municipal La Florida por 2×1.
Em 1995 subiu para a 3ª divisão depois de ser vice campeão e, abandonando o profissionalismo em 1997 e dedicando-se atualmente apenas ao amadorismo.
Mandou seus jogos no Estádio Municipal Julio Riesco, com capacidade para cerca de mil torcedores. Não estivemos por lá, mas achei essas fotos no Google Maps:

O outro time da cidade que disputou o profissionalismo é o Curacavi FC, fundado em 22 de dezembro de 2014.

O time disputa a Terceira B desde 2015 e em 2024 foi eliminado somente nas quartas de final (para um dos times que conquistou o acesso, o Malleco Unido), classificando se em 3º na primeira fase

Esse foi o time de 2024:

E o Estádio Olímpico foi onde o Curacaví FC mandou seus jogos na Zona Central da Tercera B, a 5ª divisão do futebol chileno.

Olha aí que belo visual das arquibancadas onde cabem cerca de 1500 torcedores:

Adeus a doce Curacaví

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O futebol em Castro-PR

Seguimos pelo Paraná, agora conhecendo Castro, município que fica às margens do rio Iapó, com um canyon incrível no Parque Guartelá (clique aqui e veja um pouco mais sobre o rolê) aberto ao público, fazendo da cidade um grande polo de turismo.

No século XVI, a região era ocupada por indígenas do grupo tupi e por kaingangues, que ao verem seu território invadido pelos tropeiros e colonos portugueses partiram para o ataque. O fim foi trágico para os moradores originais da região e logo, surgiu um povoado próximo ao rio Iapó e em 1751… uma capela. A partir daí, foi criada a Freguesia de Sant’Ana do Iapó, elevada à categoria de vila em 1788, com o nome de “Vila Nova de Castro” e à cidade, em 1857.

A cidade viu chegar a linha férrea Itararé-Uruguai que iam até Montevideo!! E em 1900 inaugura-se a estação de Castro.

Olha que legal o lago que existe no centro da cidade.

Outra vocação da cidade graças ao alto número de imigrantes holandeses é a produção de leite.

Pra quem não lembra, o Brasil foi muito influenciado por ideias eugenistas ainda no século XX e em uma idiota tentativa de embranquecimento do nosso povo, muitos imigrantes foram incentivados para vir para nosso país principalmente para substituir os escravos na produção de café. Em Castro e na região, os holandeses se organizaram em torno da produção de leite (vale lembrar que a Cooperativa Batavo fica na cidade vizinha, Carambeí), criando inclusive uma Colônia denominada Castrolanda. Decidimos conhecer parte dessa história, visitando a Fazenda Capão Alto.

A fazenda mantém viva a memória de um tempo esquisito na história do Brasil e do Paraná, de uma produção agrícola, em especial de café, que só existia graças à mão de obra escravizada.

Fomos recepcionadas pela jovem zeladora da fazenda.

Além de muita história preservada, o local guarda ainda matas nativas, trilhas e uma série de passeios que misturam lazer, esporte e história.

Mas, além do leite, das belezas naturais e dos imigrantes, Castro tem também sua história no futebol e ela foi escrita no Estádio Municipal Lulo Nunes.

Essa é a atual entrada:

Mas veja como ela era:

O Estádio Municipal Lulo Nunes fica no cruzamento da Rua Cel. Vidal Martins de Oliveira com a Rua Francisco de Assis Andrade, bem próximo ao centro da cidade.

O Estádio Municipal Lulo Nunes é um dos mais antigos estádios do Paraná e recentemente passou por uma grande reforma deixando ele mais moderno e ainda mais bonito, com seus muros grafitados.

O estádio é a casa do Caramuru Esporte Clube e por isso é chamado também de “Estádio Caramuru”.

O Caramuru EC foi fundado em 14 de setembro de 1917, na época com o nome Caramuru Sport Club. O distintivo abaixo vem do site História do futebol.

O time fez história no futebol amador da região e acabou ficando conhecido como o “Leão do Iapó”. Mas em 1955, o Caramuru decidiu ir ainda mais longe e se filiou à Federação Paranaense para a disputa do Campeonato Estadual da Primeira Divisão, onde ficou até 1965.

Destaque para o time de 1959, que foi o vice campeão da primeira fase (13 vitórias, dois empates e cinco derrotas) e 4º lugar na segunda fase (duas vitórias, um empate e três derrotas), ficando em 3º colocado no geral:

O Caramuru EC ainda disputou a 1a divisão do Paranaense de 1971 e 1993, assim como a Segunda Divisão de 1990, 91, 92 e a Terceira Divisão de 2001. Em 2007, rolou uma tentativa de retornar ao profissionalismo com uma parceria com o Operário Ferroviário Esporte Clube, mas acabou não dando certo e o time segue no amador.

Em 1998, o Estádio Municipal Lulo Nunes viu um novo time no futebol profissional: o Juventude FC. O distintivo veio do site História do futebol:

O Juventude FC foi fundado em 28 de outubro de 1994 e após anos nas disputas amadoras, disputou a 3a Divisão do Campeonato Paranaense em 1998.

Então, depois de tanta história, é hora de conhecer o Estádio Municipal Lulo Nunes!

Aqui, o meio campo, note que o estádio possui um sistema de iluminação. Pelo que pesquisamos, sua instalação ocorreu em 1981 e a partir de então (não me pergunte porquê) o estádio passou a ser chamado de “Centenário”.

O gol da esquerda:

O gol da direita:

O campo ainda é um gramado natural.

As traves estavam reforçadas provavelmente por conta da chuva naquela época.

A capacidade do estádio é de 5 mil torcedores, sua linda arquibancada foi inaugurada em 1957.

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O futebol profissional em Buritama!

“Nossa terra tem palmeiras…”. Teria a “canção do exílio” inspirado o brasão e o nome de Buritama? Buri e Buriti são espécies de palmeira, então imagine quão linda devia ser a região para a cidade ganhar esse nome…

A cidade guarda muitas riquezas naturais e também tem um verdadeiro tesouro esportivo: um estádio que recebeu diversas edições do Campeonato Paulista.

Assim, depois de passar por Monte Alto, Guariba, Bebedouro, Monte Azul Paulista, Severínia, Riolândia, Cardoso, Votuporanga, Fernandópolis, Palmeira d’Oeste, Aparecida d’Oeste, Ilha Solteira, Pereira Barreto, Auriflama, Araçatuba e Guararapes, chegou a hora de pegar a estrada rumo a “Terra das Palmeiras“.

Mas antes… É hora de responder à polícia o que estamos indo fazer na cidade: fomos parados numa abordagem rotineira em busca de traficantes de materiais ilícitos. Como não tínhamos nada de errado, pudemos seguir!

A divisa da cidade com Brejo Alegre (que pra mim era apenas uma cidade criada por Ruth Rocha em seus contos) é feita por um ser muito importante para todos nós…

O imponente Rio Tietê, que a essa altura do seu percurso está limpo, saudável e lindo! Ao fundo pode se ver a Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava, em operação desde 1982 e desde 1991 com suas eclusas de navegação, para vencer o desnível de 29 metros entre o reservatório da usina e o rio.

Claro, na foto acima nem dá pra ver o rio direito (até porque estávamos na ponte e essa mureta atrapalha bastante), mas faça como meu irmão Marcel e dê uma olhada nessa praia que existe logo no início da cidade (Parque Turístico “João Simão Garcia” conhecido popularmente como “Prainha”):


A cidade fica há pouco mais de 545 km da capital, às margens do Rio Tietê. Sua história se inicia ainda no século XIX com a chegada de várias famílias vindas de Minas Gerais, que formaram um núcleo chamado “Palmeiras“. Logo, surge uma capela que acaba emprestando ao loca o seu nome, no caso de Buritama, o novo nome seria “Nossa Senhora do Divino Livramento de Buriti”.

Apenas em 1948 passou a ser Município, sob a jurisdição da comarca de Monte Aprazível, e em 1963 passou a ser Comarca, compreendendo também os Municípios de Turiúba, Planalto, Lourdes e Zacarias.

E dá uma olhada no visual do rio, que coisa linda…

Aqui dá pra ver a outra margem do rio:

E aqui a prainha!

Vale muito a pena voltar um dia para curtir o rio! Aliás, existe um site todo só sobre turismo na cidade, basta clicar aqui pra conferir!

Por conta do rio, a pesca é um outro grande ponto de atração para a cidade!

Como dissemos, o nosso objetivo era registrar o Estádio Municipal Carlos Guerbach, e como a cidade é pequena, é super fácil de achar.

Mesmo que esteja faltando uma “mão de tinta”, só a identificação e esse portal na entrada já dão uma baita cara legal pro estádio!

Antes que você se pergunte, Carlos Guerbach foi um vereador dos anos 50, em Buritama.

E o B.F.C., refere-se ao Buritama Futebol Clube, o último nome do clube a representar a cidade. Mas o antigo nome também estaria presente na sigla, já que antes, o Buritama FC se chamava Brasil FC.

Com o portão principal fechado, o jeito foi pensar em alternativas para entrar no estádio, e enquanto eu avalio se pular o muro seria muito difícil, vamos falar um pouco sobre o futebol na cidade de Buritama.

Como eu disse anteriormente, o primeiro time a disputar uma competição profissional na cidade foi o Brasil Futebol Clube, fundado em 7 de setembro de 1955. O distintivo está no excelente site Escudos Gino.

Na fanpage “Amigos de Buritama” encontrei algumas imagens do time, muitas delas sem identificação da data.

Essa consta até os nomes dos jogadores e do cabo Nivaldo.

Esta é dos primeiros times formados pelo Brasil FC, identificada na fanpage como sendo de 1957 ou 58:

Esta parece ser da mesma época:

Esta consta identificação na própria foto, da época das competições amadoras.

O Brasil Futebol Clube disputou 5 edições do Campeonato Paulista. Sua estreia foi na Quinta divisão de 1978, onde fez uma campanha interessante por ser seu primeiro ano, terminando na 6a colocação:

Veja a campanha de 1978:

A partir de 1980, o Campeonato Paulista passa a ter apenas 3 níveis e assim, o Brasil FC passa a disputar a “Terceira Divisão“. O time faz campanhas fracas até 1982, quando se licencia e no final do ano, muda seu nome para Buritama FC., sob o novo distintivo.

Essa mudança de nomes consta no livro “A enciclopédia do futebol paulista“, como tendo ocorrida em 1982, porém muitos sites consideram que a mudança se deu em 1986, e essa confusão se faz porque somente em 1986 a cidade voltou a receber jogos profissionais com a participação do Buritama FC na 3a divisão de 1986, quando terminou em 7º lugar do seu grupo:

No ano seguinte, além de uma péssima campanha, ainda inscreveu jogadores irregulares e perdeu pontos, terminando na última colocação, desanimando os seus gestores que licenciaram mais uma vez o time. E dessa vez já se vão mais de 3 décadas sem futebol profissional na cidade, para a tristeza do Estádio Carlos Guerbach.

Por falar no estádio, decidimos que melhor do que pular o muro seria conversar com o vizinho pra ver se conseguiríamos entrar e…. bingo!

Aí estamos nós em mais um templo mágico do futebol paulista, olha a arquibancada coberta lá atrás, que sensacional!

Provavelmente aqui ficava a imagem do distintivo pintada nesse cimentão, que acabou perdendo a cor e sendo aos poucos cobertos pelo mato e pelas folhas secas…

Bem ali, ao lado das bandeiras da cidade, do Brasil e do clube!

Chegando mais perto pude ver que a arquibancada coberta é cheia de lindos detalhes… Ainda está com as cores bem vivas!

A sua direita temos um dos gols com a região central da cidade ao fundo:

E a esquerda o gol que tem ao fundo as franjas de Buritama.

Olha aí o banco de reservas que lindo!

As árvores fazem um fechamento no estádio único!

Atrás da arquibancada existe um empreendimento da própria prefeitura, que parece ser uma área de armazenamento… Coisa estranha… Ainda mais estranho quando ao dar uma fuçada na Internet e encontrei esse documento (tá no próprio site da Prefeitura, veja aqui) dizendo que o Buritama FC doou o seu patrimônio à própria Prefeitura.

Assim como as árvores secam e no seu tempo correto voltam à vida, quem sabe o futebol profissional na cidade não volte algum dia às divisões de acesso do Campeonato Paulista?

Apenas nos cabe agradecer pela oportunidade de estar aqui, nesse solo sagrado!

Antes que você esqueça, olha como é lindo o rio Tietê..

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O futebol em Maria da Fé-MG

Minas Gerais é um estado muito diversificado. Suas cidades variam em atrações culturais, históricas, gastronômicas… E foi andando por entre as montanhas da Serra da Mantiqueira que encontramos uma verdadeira pérola: Maria da Fé. Maria da Fé

Serra da Mantiqueira - MG A cidade tem ganho muita fama por ser a principal produtora de azeitonas do Brasil, graças à temperatura. Azeitonas - Maria da Fé Fomos conhecer um dos produtores na cidade. Maria da Fé - MG O lugar tem várias delícias além do próprio azeite. Sorvetes, geleias, pães, patês… Maria da Fé - MG O caminho é de terra batida, mas como havia chovido, sofremos um pouco pra subir o morro. Azeitona - Maria da Fé A cidade é muito bem organizada e preparada para o turismo. Maria da Fé - MG Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé Maria da Fé - MG Maria da Fé - MG Maria da Fé - MG Nosso objetivo em Maria da Fé, além de se empanturrar de azeitonas e azeite era de registrar o futebol profissional da cidade, que teve seu momento no Campeonato Mineiro, graças ao time do Mariense Futebol Clube! Mariense FC O time foi criado em 1984 e defendeu as cores e o nome de Maria da Fé no Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz. Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé-MG Como a cidade é pequena, o Estádio fica bem no centro e é impossível você não passar em frente a ele. Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé O nome dele acima do muro é uma construção bem diferente! Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé O Mariense Futebol Clube mandou muitos jogos no amador, mas em 1987 profissionalizou-se, disputando a Terceirona Mineira até 1990. Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé Neste vídeo, pode se conferir um pouco de uma partida da Terceira Divisão de 1990.

Além da Terceira Divisão, o Estádio Municipal também recebeu partidas da Supercopa Minas Gerais de 1991; e do Campeonato Mineiro Segunda Divisão de 1991 e de 1993. Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé Aqui uma visão do gol esquerdo: Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé O gol da direita: Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé O meio campo com a arquibancada coberta:   Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé Ao lado do campo existe ainda um ginásio poliesportivo: Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé Detalhe para o Vestiário levando o nome de Ivan Faria de Almeida. Estádio Municipal Coronel Silvestre Dias Ferraz - Maria da Fé Vamos dar uma olhada no estádio:

E assim, mais um estádio registrado!     Mau e Mari

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12- Camisa do VOCEM (Assis)

A 12ª camisa é muito especial, pois é do VOCEM, sigla para Vila Operário Clube Esportivo Mariano, time de Assis, cidade de origem da minha família por parte de pai.

Quando escrevi esse post (em 2008), o clube estava licenciado do futebol de campo profissional, o que é muito triste pela tradição que esse brasão carrega.
Mas, em 2014, alguns apaixonados da cidade conseguiram trazer o VOCEM de volta ao futebol profissional.

Na verdade, esse brasão foi desenhado inicialmente assim:

O time foi fundado em 21 de julho de 1954, pelos padre Aloísio Bellini (1911-1996) da Vila Operário e por isso as cores do uniforme (branco e grená) representam o pão e vinho.

Meu pai chegou a ajudar na organização do time, já que a igreja da Vila Operária ficava em frente a casa da minha vó Luzia, já falecida. Aqui, uma foto emblemática do fim dos anos 70: o padre tenta me convencer a escolher o caminho do bem e largar as armas de brinquedo kkk.

Padre Aloizio

Conta meu pai que ele ia a todo lugar com sua scooter!

Em 1978, o VOCEM foi convidado pela Federação Paulista de Futebol Profissional para disputar o Campeonato Paulista da Terceira Divisão. Necessário reforçar que esse equivalia ao 5º nível do campeonato daquele ano. Esse foi o time daquele ano:

Neste ano, o VOCEM utilizou o campo da Ferroviária de Assis para seus treinamentos.

VOCEM 1978

E o time fez sua estreia conseguindo a classificação para a segunda fase, sendo líder do Grupo D.

Infelizmente, na fase seguinte o time não manteve a mesma eficácia.

Depois de 1978, o VOCEM jogou a Terceira Divisão de 1979 até 81. A partir de 1980, a Terceira Divisão passa a equivaler ao 2º nível do campeonato, como a atual A2 do Paulista. A partir de 1982, o mesmo 2º nível passou a se chamar “Segunda Divisão” e o VOCEM participou dela até 1989 e foram os os anos dourados do VOCEM. Algumas imagens dessa época:

Aqui, a Torcida Organizada “Esquadrão da Fé”, que acompanha atualmente o time:

Mas o VOCEM sempre teve o apoio de uma apaixonada torcida, como em 84, quando o time fez campanha inesquecível, na época com o apoio da TUVO (Torcida Uniformizada Vila Operário)!

Esses dias folheando o livro “Assis de A a Z”, do Marcos Barrero, li um belo texto contando a fatídica história daquele ano de 1984 quando o VOCEM chegou ao quadrangular final da divisão de acesso, mas acabou perdendo todos os jogos, sendo o último uma goleada de 7×1 para o Paulista de Jundiaí.

assis

O time fez uma bonita campanha na primeira fase…

Também brilhou na segunda fase:

Tendo vencido a série H, o VOCEM teve que enfrentar o CA Jalesense, vencedor da série G e classificando-se para a fase final, que teria final trágico para o time de Assis: 6 jogos e 6 derrotas, com muitos torcedores jurando até hoje que o time vendeu o resultado.

Em 85, o clube novamente se classifica para a segunda fase da Segunda Divisão

Mas cai na segunda fase.

Em 86, fez um campeonato abaixo da média e sequer se classificou para a segunda fase.

Em 1987, mais uma vez classifica-se para a segunda fase sendo líder do seu grupo.

Mas não consegue manter a boa sequência e acaba eliminado na segunda fase.

Em 1988 uma campanha mediana, sem conseguir classificar-se à segunda fase, mas em 89… O VOCEM acaba rebaixado para a Segunda Divisão (Terceiro nível do futebol paulista daquele ano).

O baque é tão grande que o time se licencia das competições profissionais e só retorna em 1992, na Segunda Divisão (terceiro nível do futebol paulista). onde permanece até 1994, quando a reorganização do campeonato leva o VOCEM para o 5º nível do futebol paulista, a série B1B.
O time terminar nas últimas posições e para mais uma vez.

O retorno se dá somente em 1999 novamente na série B1B. Em 2000 desiste da competição e acaba rebaixado para a série B3 – o 6º nível do futebol paulista de 2001. Em 2002, mais uma vez desiste da disputa no meio da competição e se licencia.

Dessa vez o hiato parece não ter fim e apenas em 2014 o VOCEM retorna ao profissionalismo, desta vez para jogar a Bezinha, o 4º nível do futebol paulista, onde permanece até 2022, quase sempre com campanhas irregulares. A exceção foi 2021, quando o time esteve a um passo do acesso, perdendo a semifinal (e o acesso para a série A3) para o time da Matonense.

O VOCEM mandava seus jogos no Estádio Marcelino de Souza.

Mas em 1992, foi inaugurado o Estádio Municipal Antonio Viana Silva, o Tonicão, e o VOCEM passou a mandar aí os seus jogos.

Curiosidade: meu avô de Assis tinha o apliedo de Tonico, e meu avô em Santo André, se chamava Bruno, e o estádio aqui é o Brunão. Abaixo uma foto feita em nossa última visita ao campo:

Se preferir, faça um vôo sobre o estádio:

Em 2010, ganhei de presente do primo Tilim, uma outra camisa do VOCEM, ainda mais bonita:

Nas visitas em outros anos acabei conseguindo mais estas duas:

E terminamos com essa curiosa imagem de um possível time feminino do VOCEM:

APOIE O TIME DE SUA CIDADE!!!