O Estádio VGD, a casa do Londrina EC

No carnaval de 2025 fomos até Presidente Prudente assistir Grêmio Prudente x Santo André pela série A2.

Na volta, demos um rolê pelo norte do estado do Paraná, começando por Alvorada do Sul, …

Depois paramos em Londrina, e já contamos como foi nosso rolê para registar o Estádio Uady Chaiben, a casa da Portuguesa Londrinense (PR)

Mas, ainda em Londrina, deu tempo de conhecer a incrível loja oficial do LEC!

Olha que camisa incrível com estampa homenageando Carlos Alberto Garcia, o “Bem-amado”:

Aproveitamos nosso segundo dia na cidade para rever o tradicionalíssimo Estádio Vitorino Gonçalves Dias, o VGD“:

Vitorino Gonçalves Dias foi um professor de educação física que marcou a história da cidade impulsionando a prática esportiva na cidade.

Olha o Carlos Alberto Garcia aí de novo, é sua estátua que dá as boas vindas ao Estádio que em 24 de junho de 2026 completará 70 anos de sua inauguração.

Na verdade o local já recebia partidas de futebol desde os anos 40, quando era a casa do Esporte Clube Recreativo Operário da Vila Nova, e era chamado de “Estádio Aquiles Pimpão Ferreira.

O jogo inaugural do VGD foi em 24 de junho de 1956 entre o Londrina Futebol Clube (antecessor do Londrina Esporte Clube) e o Corinthians de Presidente Prudente-SP, que terminou em 1×1 frente a 18 mil torcedores.

O Estádio Vitorino Gonçalves Dias foi a casa do Londrina até a construção do Estádio do Café em agosto de 1976, quando o LEC estreia na série A do Brasileirão.
Estivemos lá em 2015:

Em 1958, o VGD recebeu um incrível amistoso com o Gimnasia y Esgrima, de La Plata, na Argentina.

Em 1959, o VGD também foi o primeiro estádio do interior a receber uma decisão do Estadual entre Londrina e Coritiba, com vitória do time visitante que sagrou-se campeão.

Na época, suas arquibancadas comportavam quase 20 mil lugares.
Hoje, apenas 8 mil lugares são liberados pela Federação Paranaense.

Em 1971, o VGD foi a casa do Londrina na Série B do Campeonato Brasileiro.

O estádio foi concedido para uso do LEC ininterruptamente desde 1990.

Entretanto nos últimos anos, o VGD acabou sendo substituído pelo Estádio do Café por falta de laudos. Por isso, o estádio está passando por obras que o garantirão como palco na série C de 2025.

O azul bem característico do Londrina faz o estádio parecer um desdobramento do céu na terra!
Nosso tradicional registro do meio campo:

Gol da direita:

Gol da esquerda:

Compartilho um último olhar para este belo palco do futebol paranaense:

Uma pena só ter percebido que nunca subi para o site as fotos que fizemos do Estádio do Café. Podia ter feito novas imagens, mas isso fica para uma próxima viagem!

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O futebol em Caçapava-SP

Nesses mais de 15 anos do As Mil Camisas, poucas missões para registrar estádios falharam.
Infelizmente a cidade de Caçapava foi um destes casos, mas mesmo assim, hoje vamos recordar um pouco da linda (e antiga) história do futebol por lá.

Esta é mais uma cidade que nasceu dos conflitos entre os povos originários e bandeirantes que buscavam novas terras, pedras e minerais preciosos além de escravizar os indígenas.
Alguns destes sanguinários bandeirantes seguiram o curso do Rio Paraíba do Sul, enfrentando o povo Puris, pertencente ao tronco linguístico macro-jê, aqui, registrados no século XIX por Van de Velden:

E aqui, por Johann Moritz Rugendas, no século XIX:

Os Puris acabaram abandonando suas terras em direção da Serra da Mantiqueira, mais ou menos como o Iron Maiden canta em “Run to the Hills“, em referência à história americana:

Aos poucos, os invasores passaram a ocupar o vale do rio Paraíba originando o que seriam as cidades do leste do estado, como São José dos Campos, Jacareí, Taubaté e a querida Caçapava, cujo nome deriva do termo tupi guarani caá-sapab (algo como “mato vazio”, devido à clareira que existia no local).

Inicialmente pertencente à Taubaté, o povoado de “Cassapaba” foi crescendo ao redor da capela construída em 1706 que daria origem à Igreja de Nossa Senhora D’Ajuda.

A partir do século XIX, questões políticas levaram a população a viver na fazenda de João Dias da Cruz Guimarães, onde existia uma capela de São João Batista.
Ali, iniciou-se o núcleo que se tornou a atual cidade de Caçapava. O velho povoado tornou-se o bairro do “Caçapava Velha“.

A base da economia era a produção cafeeira realizada pelos escravizados, com fazendas importantes em Caçapava, que também produzia cana-de-açúcar, fumo e gêneros alimentícios.
Até hoje, o comércio local movimenta a economia, esse é o Mercado Municipal:

Em 1° de outubro de 1876 é inaugurada a estação ferroviária.

A ferrovia ajudou a trazer a industrialização para a cidade que passou a contar com empresas do ramo têxtil, depois chegaram a Mafersa (material ferroviário) e a Providro (que também teve um time profissional como veremos na parte final deste post).
Olha quantas indústrias existem atualmente só ali às margens da Dutra:

Assim, chegamos à Caçapava de hoje em dia que vê o desenvolvimento chegar com força total e fez no futebol mais uma vítima desse crescimento…
Estivemos na cidade pouco tempo depois da demolição do estádio da AA Caçapavensena região central.

A Associação Atlética Caçapavense foi fundada em 9 de dezembro de 1913 e tinha sede na rua Capitão João Ramos (atual agência do Banco do Brasil) mudando-se em 1941 para a Avenida Cel. Manoel Inocêncio, onde estava o Estádio Capitão José Ludgero de Siqueira até 2013 quando foi vendida e completamente demolida…

Estivemos lá alguns meses depois da demolição e já havia um estacionamento construído na esquina do terreno, onde antes ficavam as bilheterias…

Fiquei tão decepcionado que não encontrei as fotos que fiz do local… Por sorte o Google Maps ainda mantém como imagens um cenário bem parecido com o que visitamos.

O local é bem no centro da cidade e imagino que realmente não fazia mais sentido um campo, há décadas dedicado apenas ao futebol amador, ocupar um espaço tão importante…

Dá pra comparar com uma imagem mais antiga:

Após vários anos disputando amistosos e torneios amadores, em 1918, a AA Caçapavense estreia no Campeonato do Interior (organizado pela APEA), na Zona Central do Brasil.
Em 1920, se classifica para a fase final, mas perde para o Corinthians de Jundiaí.
Em 1921 venceu o Elvira e empatou com o Taubaté, em partida que teve invasão de campo pela torcida de Caçapava. Esse era o time de 1921:

A área do Estádio Capitão José Ludgero de Siqueira foi adquirida em 1915 e em junho de 1922 enfim foi inaugurado com uma incrível partida entre a AA Caçapavense e o Clube de Regatas Flamengo!

O Flamengo leva para casa a Taça Elias, ofertada por comerciantes da cidade, vencendo o Caçapevense por 5×0.

A partir de 1922, a Zona Central do Brasil passa a ser bastante disputada, com times de diversas cidades da região.

Esse é o time de 1925:

Em 1928,, a AA Caçapavense sagra-se campeã da sua região, mas acabou sendo desclassificada na fase final. A AA Caçapavense disputa o Campeonato do Interior até 1930, apenas deixando de participar das edições de 1924 e 29.
Imagina se você dissesse pra essa galera que esse lugar ia virar um estacionamento, algumas décadas depois…

Talvez tenha faltado passar esse amor pelo futebol para seus filhos, filhas, netos e netas…

Claro… O mundo hoje é outro, mas fico me perguntando como deve ter sido mágico vivenciar as aventuras da AA Caçapavense na primeira metade do século XX…

E como era linda a arquibancada coberta do Estádio Capitão José Ludgero de Siqueira:

Olha que uniforme lindo!

A AA Caçapavense volta às disputas locais até 1946, quando disputa novamente o Campeonato Paulista do Interior, agora organizada pela Federação Paulista e embora campeã da sua zona, o time foi eliminado na fase regional.

Após esta disputa única, o time mais uma vez se ausenta das competições oficiais e volta a jogar torneios amadores e regionais.

Aqui o time de 1958:

O time de 1961:

A AA Caçapavense ressurge na década de 60 para aventurar-se no profissionalismo disputando a Terceira Divisão da Federação Paulista de 1964, e o time terminou na 6a colocação da 1a série.

Em 1965, terminou a 5a colocação:

Em 1966, o time sagra-se campeão do seu grupo…

Mas acaba abandonando a 2a etapa da competição e desistindo do profissionalismo.

Atualmente, a AA Caçapavense, centenária desde 2013 possui uma nova sede no Jardim Maria Cândida, voltada aos associados.

Antes de finalizar o post, vale falar um pouco mais da empresa Providro citada anteriormente.

A empresa tinha tamanha importância na cidade e envolvimento com seus funcionários que acabou dando origem a um time de futebol em 17 de agosto de 1964: o Clube Providro. Segundo o site Futebol Nacional existiram dois distintivos:

Em 1966, o Clube Providro se aventurou no futebol da Quarta Divisão.

Só achei uma foto no Facebook dizendo ser do time, mas já nos anos 70:

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164- Camisa do Rio Branco – ES

Aproveitando o post anterior sobre o futebol capixaba (veja aqui como foi), a 164ª camisa de futebol do nosso blog vem, pela primeira vez, do Espírito Santo.
Conseguimos a camisa na nossa viagem até Vitória, onde pudemos conhecer alguns estádios locais e as belas praias do estado capixaba.

A camisa pertence ao Rio Branco Atlético Clube, o “Capa-Preta” do Espírito Santo.

O time foi fundado em junho de 1913, como “Juventude e Vigor”, e no ano seguinte mudou seu nome em homenagem ao Barão de Rio Branco. Seu mascote é uma homenagem a um excêntrico torcedor que ia aos jogos com uma capa preta:

É o maior detentor de títulos capixabas: são 36 campeonatos.
E é também um time bastante democrático, tendo disputado as séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro.

Mandava seus jogos no “Estádio de Zinco“, mas a partir de 1936 passou a mandar seus jogos no Estádio Governador Bley, na época, o terceiro maior do Brasil, ficando atrás apenas do São Januário, do Estádio das Laranjeiras.

O Rio Branco conquistou seu primeiro título em dose dupla: um bi-campeonato em 1918/1919, e esse era o time:

Em 1929/1930, novo bicampeonato!
E se o começo foi marcante, a sequência do Rio Branco foi ainda melhor, com a conquista do hexacampeonato entre 1934 e 1939.
Nessa época, o capa-preta ficou em terceiro lugar na Copa dos Campeões Estaduais de 1937, a primeira competição nacional, do Brasil.
Mais um bicampeonato em 1941/1942, aqui, o time de 1942:

E não parou por aí. Vieram um tricampeonato entre 1945 e 1947, e mais dois campeonatos em 1949 e 1951.
Em 1957, outro título!

A década de 60 trouxe outros 5 títulos, assim como nos anos 70.
Em 1982, nova conquista estadual com o elenco:

Em 1983, um novo motivo de orgulho para o time: a construção do mais moderno estádio do estado, o Estádio Kleber Andrade, que nunca teve suas obras finalizadas, mas foi inaugurado em um amistoso contra o Guarapari.
No mesmo ano, sairia mais um título, com o time abaixo:

Ainda nesse ano, outro detalhe importante, o técnico Luxemburgo, começava sua carreira no time do Rio Branco!

Chegamos a 1985, e mais uma conquista, dessa vez, frente a mais de 25 mil torcedores!

A conquista do estadual levou o Rio Branco a disputa da série A do  Brasileiro de 1986, veja um resumo de como foi esse ano tão especial, para a torcida do Rio Branco!

Os times visitantes sentiam a a pressão da torcida, só pra se ter uma ideia, no jogo contra o Vasco, mais de 50 mil torcedores estiveram presentes.

O time conseguiu uma boa campanha e manteve-se na série A, em 1987.
Porém, os anos 90 trouxeram o fim dos sonhos (isso aconteceu com muitos times). Vieram as dívidas e os títulos secaram.
O time chegou a cair para a segunda divisão estadual.
A retomada veio em 2003, quando torcedores do time começaram um movimento pela recuperação do Rio Branco, até que em 2008, o clube saldou suas dívidas, com a venda do seu estádio para o governo.
Finalmente, em 2010, o time voltou  levantar o caneco de campeão, 24 anos depois do último título.

Quando as coisas pareciam se acertar, em 2013, ano do centenário do clube, o Rio Branco acabou rebaixado no Capixaba.
Não é fácil a vida do torcedor… Para maiores informações sobre o time, visite o www.capapreta.com, feito pela própria torcida do Rio Branco.

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