Mas, ainda em Londrina, deu tempo de conhecer a incrível loja oficial do LEC!
Olha que camisa incrível com estampa homenageando Carlos Alberto Garcia, o “Bem-amado”:
Aproveitamos nosso segundo dia na cidade para rever o tradicionalíssimo Estádio Vitorino Gonçalves Dias, o “VGD“:
Vitorino Gonçalves Dias foi um professor de educação física que marcou a história da cidade impulsionando a prática esportiva na cidade.
Olha o Carlos Alberto Garcia aí de novo, é sua estátua que dá as boas vindas ao Estádio que em 24 de junho de 2026 completará 70 anos de sua inauguração.
Na verdade o local já recebia partidas de futebol desde os anos 40, quando era a casa do Esporte Clube Recreativo Operário da Vila Nova, e era chamado de “Estádio Aquiles Pimpão Ferreira.
O jogo inaugural do VGD foi em 24 de junho de 1956 entre o Londrina Futebol Clube (antecessor do Londrina Esporte Clube) e o Corinthians de Presidente Prudente-SP, que terminou em 1×1 frente a 18 mil torcedores.
O Estádio Vitorino Gonçalves Dias foi a casa do Londrina até a construção do Estádio do Café em agosto de 1976, quando o LEC estreia na série A do Brasileirão. Estivemos lá em 2015:
Em 1958, o VGD recebeu um incrível amistoso com o Gimnasia y Esgrima, de La Plata, na Argentina.
Em 1959, o VGD também foi o primeiro estádio do interior a receber uma decisão do Estadual entre Londrina e Coritiba, com vitória do time visitante que sagrou-se campeão.
Na época, suas arquibancadas comportavam quase 20 mil lugares. Hoje, apenas 8 mil lugares são liberados pela Federação Paranaense.
Em 1971, o VGD foi a casa do Londrina na Série B do Campeonato Brasileiro.
O estádio foi concedido para uso do LEC ininterruptamente desde 1990.
Entretanto nos últimos anos, o VGD acabou sendo substituído pelo Estádio do Café por falta de laudos. Por isso, o estádio está passando por obras que o garantirão como palco na série C de 2025.
O azul bem característico do Londrina faz o estádio parecer um desdobramento do céu na terra! Nosso tradicional registro do meio campo:
Gol da direita:
Gol da esquerda:
Compartilho um último olhar para este belo palco do futebol paranaense:
Uma pena só ter percebido que nunca subi para o site as fotos que fizemos do Estádio do Café. Podia ter feito novas imagens, mas isso fica para uma próxima viagem!
Nesses mais de 15 anos do As Mil Camisas, poucas missões para registrar estádios falharam. Infelizmente a cidade de Caçapava foi um destes casos, mas mesmo assim, hoje vamos recordar um pouco da linda (e antiga) história do futebol por lá.
Esta é mais uma cidade que nasceu dos conflitos entre os povos originários e bandeirantes que buscavam novas terras, pedras e minerais preciosos além de escravizar os indígenas. Alguns destes sanguinários bandeirantes seguiram o curso do Rio Paraíba do Sul, enfrentando o povo Puris, pertencente ao tronco linguístico macro-jê, aqui, registrados no século XIX por Van de Velden:
E aqui, por Johann Moritz Rugendas, no século XIX:
Os Puris acabaram abandonando suas terras em direção da Serra da Mantiqueira, mais ou menos como o Iron Maiden canta em “Run to the Hills“, em referência à história americana:
Aos poucos, os invasores passaram a ocupar o vale do rio Paraíba originando o que seriam as cidades do leste do estado, como São José dos Campos, Jacareí, Taubaté e a querida Caçapava, cujo nome deriva do termo tupi guarani caá-sapab (algo como “mato vazio”, devido à clareira que existia no local).
Inicialmente pertencente à Taubaté, o povoado de “Cassapaba” foi crescendo ao redor da capela construída em 1706 que daria origem à Igreja de Nossa Senhora D’Ajuda.
A partir do século XIX, questões políticas levaram a população a viver na fazenda de João Dias da Cruz Guimarães, onde existia uma capela de São João Batista. Ali, iniciou-se o núcleo que se tornou a atual cidade de Caçapava. O velho povoado tornou-se o bairro do “Caçapava Velha“.
A base da economia era a produção cafeeira realizada pelos escravizados, com fazendas importantes em Caçapava, que também produzia cana-de-açúcar, fumo e gêneros alimentícios. Até hoje, o comércio local movimenta a economia, esse é o Mercado Municipal:
Em 1° de outubro de 1876 é inaugurada a estação ferroviária.
A ferrovia ajudou a trazer a industrialização para a cidade que passou a contar com empresas do ramo têxtil, depois chegaram a Mafersa (material ferroviário) e a Providro (que também teve um time profissional como veremos na parte final deste post). Olha quantas indústrias existem atualmente só ali às margens da Dutra:
Assim, chegamos à Caçapava de hoje em dia que vê o desenvolvimento chegar com força total e fez no futebol mais uma vítima desse crescimento… Estivemos na cidade pouco tempo depois da demolição do estádio da AA Caçapavensena região central.
A Associação Atlética Caçapavense foi fundada em 9 de dezembro de 1913 e tinha sede na rua Capitão João Ramos (atual agência do Banco do Brasil) mudando-se em 1941 para a Avenida Cel. Manoel Inocêncio, onde estava o Estádio Capitão José Ludgero de Siqueira até 2013 quando foi vendida e completamente demolida…
Estivemos lá alguns meses depois da demolição e já havia um estacionamento construído na esquina do terreno, onde antes ficavam as bilheterias…
Fiquei tão decepcionado que não encontrei as fotos que fiz do local… Por sorte o Google Maps ainda mantém como imagens um cenário bem parecido com o que visitamos.
O local é bem no centro da cidade e imagino que realmente não fazia mais sentido um campo, há décadas dedicado apenas ao futebol amador, ocupar um espaço tão importante…
Dá pra comparar com uma imagem mais antiga:
Após vários anos disputando amistosos e torneios amadores, em 1918, a AA Caçapavense estreia no Campeonato do Interior (organizado pela APEA), na Zona Central do Brasil. Em 1920, se classifica para a fase final, mas perde para o Corinthians de Jundiaí. Em 1921 venceu o Elvira e empatou com o Taubaté, em partida que teve invasão de campo pela torcida de Caçapava. Esse era o time de 1921:
A área do Estádio Capitão José Ludgero de Siqueira foi adquirida em 1915 e em junho de 1922 enfim foi inaugurado com uma incrível partida entre a AA Caçapavense e o Clube de Regatas Flamengo!
O Flamengo leva para casa a Taça Elias, ofertada por comerciantes da cidade, vencendo o Caçapevense por 5×0.
A partir de 1922, a Zona Central do Brasil passa a ser bastante disputada, com times de diversas cidades da região.
Esse é o time de 1925:
Em 1928,, a AA Caçapavense sagra-se campeã da sua região, mas acabou sendo desclassificada na fase final. A AA Caçapavense disputa o Campeonato do Interior até 1930, apenas deixando de participar das edições de 1924 e 29. Imagina se você dissesse pra essa galera que esse lugar ia virar um estacionamento, algumas décadas depois…
Talvez tenha faltado passar esse amor pelo futebol para seus filhos, filhas, netos e netas…
Claro… O mundo hoje é outro, mas fico me perguntando como deve ter sido mágico vivenciar as aventuras da AA Caçapavense na primeira metade do século XX…
E como era linda a arquibancada coberta do Estádio Capitão José Ludgero de Siqueira:
Olha que uniforme lindo!
A AA Caçapavense volta às disputas locais até 1946, quando disputa novamente o Campeonato Paulista do Interior, agora organizada pela Federação Paulista e embora campeã da sua zona, o time foi eliminado na fase regional.
Após esta disputa única, o time mais uma vez se ausenta das competições oficiais e volta a jogar torneios amadores e regionais.
Aqui o time de 1958:
O time de 1961:
A AA Caçapavense ressurge na década de 60 para aventurar-se no profissionalismo disputando a Terceira Divisão da Federação Paulista de 1964, e o time terminou na 6a colocação da 1a série.
Em 1965, terminou a 5a colocação:
Em 1966, o time sagra-se campeão do seu grupo…
Mas acaba abandonando a 2a etapa da competição e desistindo do profissionalismo.
Atualmente, a AA Caçapavense, centenária desde 2013 possui uma nova sede no Jardim Maria Cândida, voltada aos associados.
Antes de finalizar o post, vale falar um pouco mais da empresa Providro citada anteriormente.
A empresa tinha tamanha importância na cidade e envolvimento com seus funcionários que acabou dando origem a um time de futebol em 17 de agosto de 1964: o Clube Providro. Segundo o site Futebol Nacional existiram dois distintivos:
Em 1966, o Clube Providro se aventurou no futebol da Quarta Divisão.
Só achei uma foto no Facebook dizendo ser do time, mas já nos anos 70:
Aproveitando o post anterior sobre o futebol capixaba (veja aqui como foi), a 164ª camisa de futebol do nosso blog vem, pela primeira vez, do Espírito Santo. Conseguimos a camisa na nossa viagem até Vitória, onde pudemos conhecer alguns estádios locais e as belas praias do estado capixaba.
A camisa pertence ao Rio Branco Atlético Clube, o “Capa-Preta” do Espírito Santo.
O time foi fundado em junho de 1913, como “Juventude e Vigor”, e no ano seguinte mudou seu nome em homenagem ao Barão de Rio Branco. Seu mascote é uma homenagem a um excêntrico torcedor que ia aos jogos com uma capa preta:
É o maior detentor de títulos capixabas: são 36 campeonatos. E é também um time bastante democrático, tendo disputado as séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro.
Mandava seus jogos no “Estádio de Zinco“, mas a partir de 1936 passou a mandar seus jogos no Estádio Governador Bley, na época, o terceiro maior do Brasil, ficando atrás apenas do São Januário, do Estádio das Laranjeiras.
O Rio Branco conquistou seu primeiro título em dose dupla: um bi-campeonato em 1918/1919, e esse era o time:
Em 1929/1930, novo bicampeonato! E se o começo foi marcante, a sequência do Rio Branco foi ainda melhor, com a conquista do hexacampeonato entre 1934 e 1939. Nessa época, o capa-preta ficou em terceiro lugar na Copa dos Campeões Estaduais de 1937, a primeira competição nacional, do Brasil. Mais um bicampeonato em 1941/1942, aqui, o time de 1942:
E não parou por aí. Vieram um tricampeonato entre 1945 e 1947, e mais dois campeonatos em 1949 e 1951. Em 1957, outro título!
A década de 60 trouxe outros 5 títulos, assim como nos anos 70. Em 1982, nova conquista estadual com o elenco:
Em 1983, um novo motivo de orgulho para o time: a construção do mais moderno estádio do estado, o Estádio Kleber Andrade, que nunca teve suas obras finalizadas, mas foi inaugurado em um amistoso contra o Guarapari. No mesmo ano, sairia mais um título, com o time abaixo:
Ainda nesse ano, outro detalhe importante, o técnico Luxemburgo, começava sua carreira no time do Rio Branco!
Chegamos a 1985, e mais uma conquista, dessa vez, frente a mais de 25 mil torcedores!
A conquista do estadual levou o Rio Branco a disputa da série A do Brasileiro de 1986, veja um resumo de como foi esse ano tão especial, para a torcida do Rio Branco!
Os times visitantes sentiam a a pressão da torcida, só pra se ter uma ideia, no jogo contra o Vasco, mais de 50 mil torcedores estiveram presentes.
O time conseguiu uma boa campanha e manteve-se na série A, em 1987. Porém, os anos 90 trouxeram o fim dos sonhos (isso aconteceu com muitos times). Vieram as dívidas e os títulos secaram. O time chegou a cair para a segunda divisão estadual. A retomada veio em 2003, quando torcedores do time começaram um movimento pela recuperação do Rio Branco, até que em 2008, o clube saldou suas dívidas, com a venda do seu estádio para o governo. Finalmente, em 2010, o time voltou levantar o caneco de campeão, 24 anos depois do último título.
Quando as coisas pareciam se acertar, em 2013, ano do centenário do clube, o Rio Branco acabou rebaixado no Capixaba. Não é fácil a vida do torcedor… Para maiores informações sobre o time, visite o www.capapreta.com, feito pela própria torcida do Rio Branco.