O Estádio Monumental David Arellano e o Colo Colo (Rolê pelo Chile – parte 9 de 9)

Em janeiro de 2025 estivemos de rolê pelo Chile e já falamos aqui sobre Viña del Mar, Valparaíso, Algarrobo, Curacaví, e em Santiago o Estádio do Palestino, o Estádio do CD Ferroviários, o Estádio La Florida e o Estádio San Carlos de Apoquindo, a casa do Club Deportivo Universidad Católica.
Hoje nos despedimos da experiência mágica com uma rápida passagem pelo Estádio Monumental David Arellano.

Conhecido popularmente como Monumental de Colo-Colo, possui capacidade para mais de 43 mil torcedores, e ocupa uma área bem grande na comuna de Macul

Infelizmente, o Estádio Monumental David Arellano tem sua entrada bastante restrita, não dá pra chegar e ir entrando…

Estivemos por lá antes de ir embora, e foi bem triste relembrar (porque já havíamos passado por isso na nossa última viagem ao Chile) que só se entra pagando a visita guiada, então preferimos apenas dar essa olhada…

Já escrevemos sobre a camisa do Colo Colo, veja aqui como foi.

Claro que um cartaz celebrativo do centenário do Colo-Colo veio para Santo André…

Hora de ir embora…. E voltar para mais um ano de muito trabalho no Brasil!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O Estádio San Carlos de Apoquindo e o Club Deportivo Universidad Católica (Rolê pelo Chile – parte 8 de 9)

Em janeiro de 2025 estivemos de rolê pelo Chile e já falamos aqui sobre Viña del Mar, Valparaíso, Algarrobo, Curacaví, e em Santiago o Estádio do Palestino, o Estádio do CD Ferroviários e o Estádio La Florida, hoje é dia de falar do Estádio San Carlos de Apoquindo, a casa do Club Deportivo Universidad Católica!

A capital chilena vem se desenvolvendo bastante nas últimas décadas, tornando-se mais uma dessas metrópoles globais e a Grand Torre Santiago está aí para ilustrar esse progresso.

Mas você pode questionar o que é o progresso e se como ele se materializa no nosso dia a dia, e pra você não pensar sozinho, deixo abaixo um som da Plebe Rude que questiona a dualidade progresso x retrocesso nesse processo.

O fato é que esse mundo de guindastes, cimento e construção civil se mistura com o nosso rolê de hoje, porque o estádio da Universidade Católica está em obras.

O que se espera após esta faraônica obra é algo similar ao projeto abaixo:

A Universidad Católica foi fundada em 21 de abril de 1937 e seus torcedores são chamados de “Los Cruzados”e já adesivaram todos os postes e placas da região do estádio.

Até 2024, a Universidad Católica já conquistou dezesseis campeonatos chilenos, sendo o primeiro título em 1949, registrado abaixo em foto do site Memória Chilena!

Depois vieram títulos em 1954, 61, 66, 1984 e 1987, com o time abaixo:

A partir daí o Campeonato passou a ter dois títulos e em 1997 e 2022, a Católica vence o Torneo Abertura, com o time abaixo:

Em 2005 e 2010, ganha o Torneo Clausura.

Em 2016, ganha o dois, depois o campeonato volta a ser único e a Católica levanta o caneco em 2018, 2019, 2020 e em 2021, com o time:

Além disso foi vice campeã da libertadores em 1993.

No ano seguinte, como o São Paulo abre mão da disputa da Copa Interamericana, a Católica joga em seu lugar e levanta mais um título!

Voltando a falar do Estádio San Carlos de Apoquindo, sua inauguração foi em 4 de Setembro de 1988.

Sua capacidade é de 20.000 torcedores e ele fica dentro da Universidade, em Las Condes, na região metropolitana de Santiago do Chile quase no pé da cordilheira.
Demoramos quase uma hora pra chegar lá.

Ao chegar, esperávamos poder olhar alguma parte do lado de dentro, mas as obras estavam paradas e todas as portas de acesso fechadas…

Registrei um pouco das máquinas presentes no seu entorno:

Mas achei um vídeo da parte interna das obras:

O jeito foi registrar um pouco do entorno…

E fazer a foto em frente do que será um moderno estádio em alguns meses…

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O Estádio Bicentenário Municipal de La Florida e o Audax Italiano (Rolê pelo Chile – parte 7 de 9)

Em janeiro de 2025 estivemos de rolê pelo Chile e já falamos aqui sobre Viña del Mar, Valparaíso, Algarrobo, Curacaví, e em Santiago o Estádio do Palestino e o Estádio do CD Ferroviários!
Hoje vamos falar sobre o Estádio La Florida, a casa do Audax Italiano!

Nos posts anteriores mostramos algumas coisas de Santiago, mas talvez tenha faltado falar que há alguns anos, além de gostar da história dos povos originários, a gente começou a pegar gosto pela história natural dos locais que visitamos.

Assim, aproveitamos a oportunidade de conhecer o Museu Nacional de História Natural do Chile em Santiago.

Na ocasião da nossa visita, uma exposição especial de dinossauros!

Mas também faltou falar da 90 minutos!

E aí um pouco das camisas de times que você encontra por lá!

Um outro ponto que vale a pena é o bairro Lastarria, que lembra um pouco a Vila Madalena.

Destaque também para a rua dos brechós em Santiago, a Calle Bandera.
Na verdade não são bem brechós, mas “lojas de roupa americana”, onde pessoas revendem roupas de segunda mão que compram em containers vindos dos USA.

Andando pelo centro da cidade, pudemos ver o monumento aos povos indígenas, que rememora a bravura do povo mapuche.

E terminamos essa parte cultural mostrando que em Santiago o mercado musical está muito aquecido, não apenas com as lojas de vinil espalhadas em shoppings e até supermercados, como também com as lojas de instrumento que vendem das coisas mais tradicionais até essa batera eletrônica que eu pirei!

Mas, falemos do tema deste post, o Estádio Bicentenário Municiplidad de La Florida.

Ou, simplesmente o “Estádio do Audax Italiano“.

O time foi fundado em 30 de novembro de 1910, ainda como Audax Club Ciclista Italiano.
Como o nome indica, seus fundadores eram membros da colônia italiana que tinham como hobby o ciclismo.

O futebol só foi surgir no clube no início da década de 1920, com os irmãos Domingo e Tito Frutero.
E só em 2007, passou a se chamar Audax Italiano La Florida.
O time se inscreveu na Liga Metropolitana, e em 1924 sagrou-se campeão pela primeira vez!

Em 1927, o Audax começou a participar na Liga Central, a qual conquistou em 1931.
Em 1933, o clube foi um dos primeiros a participar da Primeira Divisão do Campeonato Chileno.

Em 1936, sagra-se campeão nacional!

O título se repete na década seguinte, em 1946 e 1948!

Em 1957, seu quarto título.

Em 1961, o brasileiro Zizinho jogou no Audax.

De lá pra cá, muitas disputas, mas ausência de títulos… As glórias terão ficadas no passado?
Fomos até o Estádio La Florida para sentir o clima do campo…

Olha aí um dos ônibus do time!

A gente foi naquele esquema de “vai entrando antes que alguém reclame”…
E quando percebi… Estava ali embaixo das arquibancadas…

Então, vamos ao campo!

O Estádio Bicentenário Municipal de La Florida tem capacidade de 12 mil torcedores e é todo coberto!

Dá uma olhada na arquibancada moderna da casa do Audax Italiano!

A torcida do Audax se denomina Los Tanos (provavelmente uma derivação de “Los Italianos”).

O Estádio foi inaugurado em 1986, na época com capacidade para 7 mil torcedores.
A obra de expansão para a capacidade atual ocorreu em 2007.

Como não deu pra gente estar no meio do campo, fizemos as tradicionais fotos um pouco “tortas”. Esse é o gol da direita:

O gol da esquerda:

E uma visão geral…

Mais um belo estádio chileno registrado!

O Estádio fica num bairro bem distante do centro mas conversamos bastante com moradores do local e as pessoas disseram adorar morar lá.

É ou não é um visual incrível?

Mas agora em 2025 tenho acompanhado algumas partidas do Audax, aqui do Brasil e parece que a média de público tem sido bem baixa!

Que o Audax Italiano possa encher seu estádio para a alegria dos imigrantes italianos e comunidade local!!!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O Estádio Los Nogales e o Club Deportivo Ferroviários (Rolê pelo Chile – parte 6 de 9)

Janeiro de 2025.
Estivemos de rolê pelo Chile e já falamos sobre as aventuras futebolísticas em Viña del Mar, Valparaíso, Algarrobo, Curacaví, e o Estádio Municipal de La Cisterna, a casa do Palestino, em Santiago!
Agora é hora de falar sobre o CD Ferroviários e o Estádio Arturo Rojas Paredes, também conhecido como Estádio Los Nogales, onde manda seus jogos atualmente!

O rolê pelo Chile foi tão legal que não tem como voltar e não nos sentirmos parte do que vivemos. Realmente fronteiras são apenas linhas em um mapa… Somos todos latinos, fazemos parte disso tudo, desde muito tempo atrás…

O principal povo que viviam na região de Santiago era os Mapuches, grupo mais representativo do país. Esta é a bandeira deles:

Eram chamados de Araucanos pelos espanhóis, mas os próprios Mapuches consideram este termo pejorativo.

A Santiago atual é uma capital moderna e super desenvolvida e oferece muitas opções para diversão e cultura. Aqui, o Cerro Santa Lucía, que oferece um visual bem bacana!

Do outro lado da rua dele tem uma feirinha de bugigangas legal também!

Pra comer em Santiago sempre recomendamos o El Naturista, um restaurante vegetariano bem gostoso e no centro da cidade.

De sobremesa umas frutas nas ruas sempre cai bem!

Ou, um Mote com Huesillo, uma das melhores coisas que nasceram da união dos espanhóis com os povos locais.

A bebida é um suco de pêssego com grãos cozidos de trigo (contribuição dos espanhóis) com um pêssego em calda em cima pra dar um tchan! Eu adoro!

Muito bem alimentados, é hora de conhecer mais um time importante para a história do futebol chileno: o Club Deportivo Ferroviários de Chile.

O clube foi fundado em 14 de julho de 1916, por trabalhadores ferroviários no bairro San Eugenio e começou se dedicando às competições amadoras.
Na época, o time se denominava Unión Ferroviarios e mandava seus jogos no Estádio do próprio bairro, que hoje se encontra em demolição, como dá pra ver pela imagem do Google:

Em 1927, o CD Ferroviários passou a disputar a divisão de acesso da Asociación de Fútbol de Santiago, mas em 1933, como muitos dos clubes da Asociación abandonaram a entidade para formar a Liga Profesional de Fútbol, o Ferroviários passou a fazer parte da primeira divisão. Aqui a tabela do campeonato de 1934:

De 1935 a 1945, disputou o segundo nível do Campeonato Chileno. Olha o time de 1943:

Nesse período, mais especificamente em 14 de julho de 1941 foi inaugurado o Estádio Ferroviário Hugo Arqueros Rodríguez, também chamado de Estádio San Eugenio, a casa do time, no bairro “Estação Central” com incrível capacidade para 31 mil torcedores.

Infelizmente, assim como ocorreu no Brasil, no Chile, a Ferrovia acabou perdendo espaço e com o seu “esvaziamento” o estádio acabou sendo tomado do time…

Em 1947, fez parte dos 15 times que deram origem a Divisão de Acesso (depois Divisão de Honra Amadora – DIVHA), da qual saiu campeão em 1949 obtendo o acesso à Primeira Divisão.
Em 1950, o time funde-se com o Bádminton surgindo o Ferrobádminton.

O novo time teve sucesso e permaneceu na primeira divisão até 1964, quando cai para a “1ª B”, voltando para a 1ªA no ano seguinte.
Novamente desce para a 1ª B.
A união entre os dois times durou até 1969, quando voltaram a ter vidas independentes.

Assim, até 82, o Ferroviários permanece na divisão de acesso, a 1ªB, com destaque para o time de 72 que foi vice campeão, não obtendo vaga para a primeira divisão.

O time passa a disputar as divisões amadoras do Campeonato Chileno: 3ªA e 3ªB.
3ªA em 1983 e fica até 87, quando cai para a 3ªB.
Disputa a 3ª B até 1997, quando volta para a 3ªA.
Fica na 3ªA até o ano 2000, volta para a 3ªB e fica até 2003.
De volta à 3ª A permanece aí até 2008.
Disputa a 3ª B até 2018.
Em 2019 disputa sua última (até então) edição da 3ªA e fica até atualmente a 3ªB.

Esse é o grupo do time esse ano de 2025:

Atualmente o CD Ferroviários manda suas partidas no Estádio Arturo Rojas Paredes e fomos até lá pra registrar esse campo e para bater um papo com o Luís Tapia, um apaixonado pelo time!

Mais uma estádio incrível e construindo sua história no futebol chileno!

O Estádio é simples, mas bem aconchegante, se liga na arquibancada com 4 degraus, com uma exclusiva cobertura!

A arquibancada vista por baixo:

O recado é claro, mas eu tenho a permissão…

Dá um giro com a gente pelo campo!

O Estádio fica em um bairro residencial na região da Estación Central e é referência para os atletas da região, sendo a base para diversos projetos sociais e também sendo a casa do CD Ferroviários.

O estádio do CD Ferroviarios é muito mais do que um simples campo de futebol.
Ele carrega a história de um clube fundado por trabalhadores ferroviários em 1916, refletindo a tradição operária e a identidade de uma comunidade que cresceu ao redor das ferrovias.

Embora seja um estádio modesto, sem grandes arquibancadas ou infraestrutura luxuosa, ele mantém um ambiente intimista e acolhedor, onde a torcida fica próxima ao campo e cada jogo se torna uma celebração do futebol de verdade.
Los Nogales é um daqueles lugares onde o futebol ainda preserva seu espírito mais puro, onde os torcedores comparecem não pelo espetáculo, mas pelo amor à camisa e à tradição.

Olha aí a rapaziada da base do Ferroviários. Será que algum deles um dia fará história no futebol? Espero que sim!

No pós jogo apareceu até uma camisa do Santos ali…

O fim do treino foi marcado por uma preleção da comissão técnica.

E também surgiu uma camisa do Atlético Paranaense…

Esse é o gol do lado esquerdo:

Aqui o meio campo

E o gol do lado direito, onde existe um ginásio.
Mais do que um campo de futebol, o estádio é um símbolo de resistência.
Assim como o Ferroviarios luta para se manter vivo no futebol chileno, seu campo sobrevive como um refúgio do futebol romântico, onde o esforço supera os recursos e a história se mantém viva a cada partida disputada.

E aí está o homem que conduz o time e todas as ações do Ferroviários: Luis Tapia, o presidente!

Luis Tapia é um homem guiado pela paixão.
Primeiro, foi a ferrovia, onde dedicou anos de sua vida, vendo os trilhos cortarem o Chile como veias de um país em movimento.
Depois, veio o Club Deportivo Ferroviarios, um time que, assim como os trens que ele tanto admirava, segue firme no caminho, apesar dos desafios e dos obstáculos.

Algumas fotos históricas ilustram o escritório do time:

Mas o ponto alto são as camisas oficiais do time do coração do Luis, que ele guarda com muito carinho.

Hoje, como presidente do clube, Tapia comanda um time que batalha na 3ªB chilena, a sexta divisão do futebol nacional.
Para muitos, uma posição tão modesta poderia ser motivo de desistência, mas para ele, é apenas um detalhe.
Seu amor pelo Ferroviarios é romântico, daqueles que não dependem de glória ou grandes conquistas.
Ele vê no clube o reflexo da resistência e da história dos trabalhadores ferroviários que deram origem à equipe, e isso basta para continuar lutando.
Assim como um maquinista nunca abandona sua locomotiva, Luis Tapia segue à frente do Ferroviarios, com a mesma fé que um dia o fez acreditar na força das ferrovias.
Porque, no fim, mais importante do que a chegada é a jornada.
E Tapia seguirá nos trilhos desse amor, custe o que custar.

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O Estádio Municipal de La Cisterna e o Club Deportivo Palestino (Rolê pelo Chile – parte 5 de 9)

Janeiro de 2025.
5º post sobre nosso rolê pelo Chile.
Após falarmos sobre Viña del Mar (clique para ver os posts), Valparaíso, Algarrobo e Curacaví agora vamos dedicar alguns posts para falar sobre o futebol na capital chilena, começando pelo Estádio Municipal de La Cisterna, a casa do Palestino!

Santiago é uma cidade bem interessante e pudemos fazer várias conexões com a nossa realidade.

A primeira delas foi ao visitar o Museu da Memória e dos Direitos Humanos que ajuda as novas gerações de chilenos a não esquecer o golpe militar.

O Museu reúne muito material da época e ao mesmo tempo que é super informativo é um soco no estômago, ao ver que nossos irmãos chilenos passaram pela mesma dor e sofrimento que os brasileiros.

O Chile sofreu demais com assassinatos, sequestros e diversos crimes causados pelo próprio estado, sob domínio militar que tomaram o poder à força, após a eleição do presidente Alende.

Se quiser conhecer mais, dê uma olhada na página deles no Insta deles.

Também fizemos muito rolê pelo centro da cidade, nos calçadões (os “paseos”).

As duas primeiras compras que fiz no Paseo Ahumada foram bem distintas: um espremedor (de laranja!) e uma flâmula do Palestino!

Outro ponto de destaque da cidade foram os deliciosos cachorro-quentes vegetarianos do Dominó, com molho de abacate!

Fizemos também um rolê no mercado da cidade…

Eu gosto dessas estruturas antigas e espaçosas dos mercados municipais.
Sempre me pergunto quanta história aconteceu embaixo desse teto.

O Mercado Municipal de Santiago foi inaugurado em 1872 e substituiu a Plaza del Abasto, destruída por um incêndio em 1864.

Uma das lojas tinha até adesivos dos times do interior de São Paulo:

Outro fenômeno comercial de Santiago são as lojas de vinil. Incrível o número de lojas não só focadas em material usado, como também lançamentos e relançamentos. Existem lojas nos shoppings, nos supermercados e nas diversas galerias e galpões como o Galpón Bio Bio!

Trouxe esse clássico de “Los Miserables” pra casa:

Olha aí o “Um mundo de sensaciones”, de 2006, do 2 Minutos embalado como novo:

Outra banda incrível do Chile é a Ocho Bollas, aqui, o disco “Al servício”.
O preço médio varia entre 18 e 30 dolares.

Santiago também tem muitas livrarias…

Trouxe dois livros do Chile, um terror político (El sótano rojo) que traz para uma casa de 1991, fantasmas dos torturados na ditadura do Pinochet, bem pesada a leitura…

E trouxe também um livreto sobre a história do Palestino:

Animado pelo livro, nos dirigimos ao Estadio Municipal de La Cisterna, a casa do Club Deportivo Palestino!

O Estádio Municipal de La Cisterna é um espaço único e inesquecível, a começar pelos painéis pintados em sua entrada pela Avenida El Parrón, se liga que lindos:

Pra mim, acostumado a ver a polícia reprimir qualquer relação com a bandeira palestina nos Estádios foi uma sensação de grande liberdade admirar as imagens e frases nos muros.

O Club Deportivo Palestino tem mais de 100 anos de história!
Foi fundado em 20 de agosto de 1920, por imigrantes em homenagem à cultura palestina.

Vale lembrar que o Chile possui a maior colônia palestina do mundo, com cerca de 350 mil pessoas!

Depois de caminhar e fotografar seu entorno, hora de entrar no Estádio!

Cabe aqui o nosso agradecimento ao amigo Felipe que cuida das redes sociais do clube e nos recebeu nesse rolê!

Então, vamos lá, entre conosco na casa do Palestino !!!

A primeira sensação ao entrar ao Estádio La Cisterna foi um leve mal estar…

É que por um momento eu não reconheci o Estádio (onde estivemos em 2011, veja aqui como foi) e fiquei com a impressão que naquele ano havíamos assistido à partida do sub 20 em algum campo “interno”.
Depois, vendo as fotos novamente (como essa abaixo), confirmei que era sim o mesmo estádio:

O Estádio está super bem cuidado, com as cadeiras pintadas, tudo muito limpo e organizada.

E se lá fora, os murais chamam a atenção, na parte interna também existe uma verdadeira “exposição artística”!

Aqui, um grafite especial de um torcedor emblemático do Palestino, don Aníbal Canales Soto, o tio Camello que faleceu em 2024.

O Estádio de La Cisterna possui capacidade para 12 mil torcedores e foi construído em 1988. Aqui, o gol da direita:

O meio campo, com as cadeiras cobertas:

O gol da esquerda, com o trator dando um trato no campo:

O Palestino foi campeão chileno em duas oportunidades, em 1955 e 1978, quando ficou 44 jogos invicto!

O Palestino também foi campeão da segunda divisão por duas vezes, em 1952 e 1977.
Conquistou ainda a Copa Chile em 1975, 77 e 2018.

De volta ao estádio, para terminarmos este rolê!

A arquibancada atrás do gol:

A charmosa entrada dos vestiários:

E olha que linda é a arquibancada coberta:

Deu até pra passarmos na loja do clube!

A outra entrada para as arquibancadas:

Mais que um time, ou uma torcida, o Palestino carrega o amor de todo um povo!

Viva o Palestino!
Viva a Palestina!

Um último olhar mais próximo na arquibancada coberta e…

Uma saideira no bar palestino…

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O Estádio Olímpico e o futebol em Curacaví (Rolê pelo Chile – parte 4 de 9)

Janeiro de 2025.
4º post sobre nosso rolê pelo Chile.
Após falarmos sobre Viña del Mar (clique nas cidades para ver os posts), Valparaíso e Algarrobo, agora é a vez de conhecer Curacaví, seus doces incríveis e o seu futebol, com destaque para o Estádio Olímpico Curacaví.

Durante nossa estadia no Chile, por várias vezes escutamos as pessoas falarem sobre os tais “Dulces de Curacaví“, demorou até entender que Curacaví era um lugar, mais precisamente uma comuna da Região Metropolitana de Santiago localizada estrategicamente entre Algarrobo e Santiago.

Assim, lá fomos nós conhecer a cidade chilena entre as colinas da Cordilheira da Costa.

O nome da cidade tem origem Mapuche (linguagem Mapudungu) da soma das palavras “cura” e “cahuín”, que significa “encontro – ou reduç˜ão – na pedra”.
Os assentamentos pré-colombianos de Curacaví são do povo Picunche (significa “povo do norte”e essa denominação foi criada pelos historiadores para diferenciá-los dos Mapuches do sul).
Aliás, vale conhecer esse mapa dos povos originários do Chile:

Quando os espanhóis chegaram, no século XVI, os Picunches estavam enfraquecidos por combater uma invasão dos Incas (guerra Inca-Mapuche) e assim foi realmente difícil sobreviver às duas batalhas ao mesmo tempo.

Os Picunches acabaram tendo sua cultura destruída pelos espanhóis e perderam mais de 75% de sua população em menos de um século.
Ainda assim, são considerados os ancestrais ameríndios dos chilenos.
O primeiro documento oficial sobre a história de Curacaví, datado de 1550 diz que ali havia uma aldeia Promaucae (nome dado aos Picunches que viviam nesta região) e que estes foram entregues como “encomiendas” por Pedro de Valdivia a Juan Bautista Pastene.

A atual Curacaví era composta por apenas duas propriedades no século XVII que acabaram se dividindo junto aos descendentes dos proprietários.
Aos poucos o local foi se tornando ponto de parada para os viajantes já que se localiza no meio do caminho entre a capital e o litoral.
Olha que legal um dos ônibus que fazia essa linha (foto da fanpage Fotos Antigas de Curacaví):

No início do século XX, algumas famílias começaram a fazer doces, como Don Justo Poblete e aproveitando o movimento dos viajantes para vendê-los.
Os doces eram cozidos em fornos de barro e recheados com manjar, melcocha, doce de abóbora ou doce de pera.
Surgiram marcas como Los Hornitos, Agua de Piedra, Parolo, Doña Elisa e Doces ISSA.

Os doces de Curacavi viraram uma grande tradição nacional, vendidos frescos e dificilmente em supermercados.
Atualmente, existem cerca de cinquenta fábricas que produzem doces chilenos em Curacaví, e fomos conhecer estas delícias “in loco” na loja Dulces Sandy!

É difícil explicar mais porque são várias opções de sabores bem diferentes uns dos outros, mas posso dizer que não são tão doces e enjoativos.
O mais conhecido é chamado “Los Chilenitos“, tipo um sanduíche de dois biscoitos artesanais com recheio de doce de leite, como um alfajor com menos massa, tudo muito caseiro.

Dá uma olhada na loja:

É… tome um copo d’água, esqueça a água na boca e vamos falar de outra paixão chilena, além dos doces: o futebol!
E Curacaví também tem uma bela história no futebol amador e profissional, e começamos nosso rolê indo conhecer o Estádio San Luis De Campolindo.

O Estádio é a casa do CD San Luis de Campolindo, fundado em 10 de abril de 1934.

O San Luis de Campolindo é uma equipe amadora mas que já revelou jogadores para o futebol profissional e possui um estádio muito bem cuidado.

Além do estádio, o time possui uma apaixonada torcida, como se pode ver na inscrição do muro ao fundo: a Canários Wapos!

E falando em jogadores da cidade, o melhor exemplo é Roberto Gutiérrez, que estava no Estádio durante nossa visita e que jogou em diversas equipes chilenas, como o Palestino.

Olha ele dando um tapa no gramado enquanto conversamos:

E bacana a montanha ao fundo do campo né?

Atravessando para o outro lado do rio que serpenteia as costas do estádio chegamos à principal casa do futebol de Curacaví: o Estádio Olímpico Curacaví.

Também tendo a montanha como moldura. O azul das arquibancadas e até dos bancos de reserva (bastante simples) contrasta com a cor de terra da montanha e cria um cenário único, inesquecível para quem ama natureza e futebol.

A arquibancada é pequena, mas permitiu a utilização do estádio por diferentes times em competições oficiais do Chile.
Ah, e existe também um sistema de iluminação que permite partidas noturnas.

Um dos times que disputou o profissionalismo em Curacaví é o Juventud O’Higgins.

O Juventud O’Higgins foi fundado em 17 de outubro de 1956.
Entre 1986 e 1997 disputou as divisões Terceira A e a Terceira B (quarto e quinto nível do futebol chileno), e atualmente disputa o amador regional.
Aqui, o time de 2022:

A fanpage Equipes de Futbol do Chile traz algumas fotos incríveis mostrando as equipes que foram campeãs das divisões de acesso:

Em 1985, liderou o campeonato e sgrou-se campeão mais uma vez do quarto nível:

Esteve a um passo de subir para a Segunda Divisão en 1989.
Em 1993, o Juventud O’Higgins foi campeão da Terceira B pela última vez, depois de vencer o Unión Municipal La Florida por 2×1.
Em 1995 subiu para a 3ª divisão depois de ser vice campeão e, abandonando o profissionalismo em 1997 e dedicando-se atualmente apenas ao amadorismo.
Mandou seus jogos no Estádio Municipal Julio Riesco, com capacidade para cerca de mil torcedores. Não estivemos por lá, mas achei essas fotos no Google Maps:

O outro time da cidade que disputou o profissionalismo é o Curacavi FC, fundado em 22 de dezembro de 2014.

O time disputa a Terceira B desde 2015 e em 2024 foi eliminado somente nas quartas de final (para um dos times que conquistou o acesso, o Malleco Unido), classificando se em 3º na primeira fase

Esse foi o time de 2024:

E o Estádio Olímpico foi onde o Curacaví FC mandou seus jogos na Zona Central da Tercera B, a 5ª divisão do futebol chileno.

Olha aí que belo visual das arquibancadas onde cabem cerca de 1500 torcedores:

Adeus a doce Curacaví

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O Estádio Municipal e o futebol em Algarrobo (Rolê pelo Chile – parte 3 de 9)

Janeiro de 2025.
No 3º post sobre nosso rolê pelo Chile, após Viña del Mar (clique no nome das cidades para ver os posts) e Valparaíso, agora é a vez de registrar Algarrobo, um dos balneários mais antigos do Chile e seu Estádio Municipal!

Para chegar a Algarrobo tivemos que novamente subir uma parte da serra, mas cerca de 60 km antes de Santiago, descemos a direita.

Pelo mapa fica mais fácil de ver, vindo de Viña, saímos na estrada após Casablanca:

E não é que existe uma praia de nome Mirasol no Chile?

O litoral parece sempre ter atraído os seres humanos e no Chile não foi diferente.
Quando os espanhóis chegaram à região, ainda no século XVI, encontraram diversas sociedades ali, algumas delas já milenares, como a Tradição Bato, cujos vestígios indicam que já habitavam a região 2 mil anos antes de Cristo (Ilustração de Jorge Salinas):

Outro grupo que se tem informação são os povos da Tradição Llolleo (ou Complexo Cultural Llolleo), que estiveram pela região litorânea entre 200 e 1.000 anos depois de Cristo (Ilustração por Chris Fattori):

Mais um exemplo que demonstra a diversidade dos povos pré colombianos é a Cultura Aconcágua que habitaram a região desde o século X com um modo de vida semi-sedentário com casas próximas a rios e à costa do Pacífico.
Gravura de Gerónimo de Bibar na sua “Crónica e relação copiosa e verdadeira dos reinos do Chile”:

Em 1535, Diego de Almagro comanda uma expedição do Peru até as terras chilenas e é assim que se inicia a ocupação do território pelos espanhóis.
Corsários e piratas souberam que parte do ouro que vinha do Peru estava dando sopa pelo litoral chileno, e nomes importantes como Francis Drake e Thomas Cavendish passaram a se fazer presente na região (Crédito da foto: Instituto Chileno de Derecho y Tecnologías).

Inicialmente pensei que Algarrobo fosse uma alga marinha, mas o que dá nome à comuna (é, Algarrobo não é uma cidade, é uma comuna da província de San Antonio na região de Valparaíso) na verdade é uma árvore da família papilonáceo (leguminosas), que chega a 10 metros de altura.

Algarrobo surge como uma grande propriedade de María Vidal Delazar, que a dividiu em lotes dando-lhe o formato de uma vila de veraneio.
Em 1854, a então enseada de Algarrobo foi convertida em Porto, permitindo exportar a produção local – principalmente o trigo – para o Peru e a Califórnia ajudando a desenvolver o local, expandindo a cidade ao redor da capela de La Candelária construída em 1837 (foto do site Chile Iglesias):

Algarrobo foi oficializada como comuna em 1945, declarada balneário turístico e mesmo tanto tempo depois, e já com tantos turistas visitando suas praias consegue manter uma energia muito legal!

Muitas das ruas da cidade ainda não foram asfaltadas, ampliando o jeito rústico do lugar…

Ficamos no Kai Bed & Breakfast, um pequeno, charmoso e incrível hotel.

Dali, era super fácil chegar a qualquer praia de Algarrobo, e daria pra ficar vários dias conhecendo cada dia uma praia diferente!

Como eu disse no post de Viña del Mar, curtir as praias do Chile é um pouco diferente do jeito que fazemos no Brasil. A água é fria, então não dá pra ficar direto no mar, o negócio é curtir o visual e interagir com mais moderação com o mar…

Ao invés de fazer castelos de areia, empilhar pedras acaba sendo o passatempo mais praticado.

E caminhar pela orla e conhecer uma praia nova a cada curva é um outro rolê pra se curtir em Algarrobo.

Vida marinha por todo lado…

Ah, em Algarrobo está o complexo San Afonso del Mar que possui a maior piscina do mundo.

Além da ocupação humana, foram encontrados fósseis no litoral de Algarrobo que comprovam a vida animal 80 milhões (milhões mesmo) de anos atrás… Em seus mares vivida o Elasmosauro.

Pensar que nosso planeta tem milhões de anos e que nos últimos 200 anos estamos destruindo tudo isso dá uma sensação esquisita.

Visitamos também uma feira de artesanatos, mas não curti muito… Esperava objetos mais artísticos e no fim das contas era só mais uma tentativa de vender qualquer coisa.

Então, voltemos à praia e no caso de “El Canelillo”, vc precisa passar pelo parque Canelo antes de chegar à praia!

A praia de Canelillo é mais próxima do que estamos acostumados: areia com guarda sol e aquele cenário divertido.

Ah, o que o pessoal gosta de beliscar num role assim? Palmeiras. Nenhuma ligação com o time, é esse … biscoito ou torta assada feita de farinha, margarina e açúcar.

Enfim… Viver alguns dias em Algarrobo foi uma experiência incrível com muito descanso em meio a essa mistura rochas e água do Oceano Pacífico!

Só não se esqueça que estamos em área de risco de Tsunami… A cidade indica rotas de evacuação por toda a praia.

Mas, começando com essa mesa de “MeteGol”, com um punk de volante, vamos começar a falar do futebol local!

Nossa primeira parada foi para matar a curiosidade e saber se a Mirasol chilena também tem um time de futebol como a cidade do interior paulista.
Por isso nos dirigimos ao Estádio José Orlando Gonzalez, inaugurado em 1951 e…. Morto em 2019? Parece até uma lápide…

Um dos times que manda seus jogos no amador no Estádio José Orlando Gonzalez é o Club Deportivo Unión Mirasol, cuja data de fundação talvez explique parte daquela “lápide” no estádio: 4 de maio de 1951!

Outro time que manda partidas ali é o Club Deportivo Unión San José:

Até onde consegui pesquisar, os dois times jamais estiveram em competições profissionais e atualmente se dedicam muito às categorias de base e têm um bom estádio para isso, com gramado artificial:

A outra data que aparece na já citada “lápide” (2019) pode se referir à ultima grande reforma pelo qual o estádio passou…

Oito times fazem parte da Associação de Futebol de Algarrobo:

A curiosidade maior era para conhecer o Estádio Municipal de Algarrobo, utilizado por alguns times em disputas profissionais das divisões de acesso do futebol chileno.

Um dos times que mandou seus jogos no Municipal pelas divisões de acesso foi o Rayo del Pacífico, fundado em 13 de janeiro de 2006.

Olha aí o time postado no Estádio:

Em 2006, jogou a Terceira chilena ao lado de outras 6 equipes da região:

O Rayo termina a competição em 5º lugar, e abandona o profissionalismo no ano seguinte.
O outro time a mandar partidas oficiais aí é o Club Coliseo FC, fundado em 15 de novembro de 2022.

No ano seguinte, disputa a Terceira Divisão B Chilena (equivalente ao quinto nível do futebol) no grupo Norte.

Em 2024, terminou o campeonato muito mal sendo rebaixado e paralisando suas atividades…

E estas duas equipes (Coliseo e o Rayo) mandavam seus jogos aqui, no Estádio Municipal de Algarrobo!

Ali no fundo uns caminhões, cenário que lembra o Estádio do Nevense:

Mais uma arquibancada oldschool registrada!

Lembra um estádio do interior paulista, com gramado natural e uma arquibancada de madeira com cadeiras parafusadas.

Olhando do lado onde existe uma estrutura administrativa, aqui vê se o gol da direita:

O gol da esquerda, onde pode se ver outra estrutura ao fundo que é o ginásio municipal:

Olha ele aqui:

E o meio campo, com uma mistura simpática de cores e formatos de arquibancadas:

De perto da pra ver que as que estão mais ao canto ainda são aquelas estruturas metálicas que recebem tábuas da madeira para sentar.

As do lado direito tem uma parte com cadeiras padrão “quase” FIFA:

O banco de reservas:

Do outro lado, de onde fiz as primeiras fotos, também tem um pequeno lance de arquibancadas e uma estrutura que funciona como a administração do local.

Mais um estádio interessante e que recebeu partidas oficiais pelas divisões de acesso para a nossa lista!

Dê uma olhada para ver se faltou eu registrar algo:

Achei curioso esses pássaros que vivem no campo, tão diferentes dos que estamos acostumados, embora aqui também existam muitos quero-queros:

Um último olhar pra memorizar essa tarde inesquecível…

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

O Estádio Sausalito e o futebol em Viña del Mar (Rolê pelo Chile – parte 1 de 9)

Janeiro de 2025.
Começo o ano me sentindo muito agradecido pela oportunidade desse rolê, em uma realidade onde tanta gente sequer garante grana para a nutrição básica…
Fizemos de tudo para que a viagem ao Chile fosse inesquecível e vamos compartilhar um pouco das aventuras futebolísticas desse rolê, começando com a histórica e badalada Viña del Mar e o Estádio Sausalito, a casa do Everton!

Saímos de Santiago e uma ótima estrada nos levou à Viña del Mar em pouco mais de uma hora.

Interessante como as manifestações políticas seguem presentes pelas cidades que visitamos…

Logo, estávamos pelas ruas e praias, curtindo a cidade!

Poucas vezes falamos da história do outro lado do nosso continente, e óbvio que não dá pra resumir isso em um post sobre o futebol…

O Chile se divide em 16 regiões e Viña del Mar fica na região de Valparaíso.
Sua história moderna começa com a chegada dos espanhóis no Valle de Peuco, nome original da região.
Há mais de 7 mil anos, o lugar já era habitado pelos Changos, povo que vivia da pesca, caça, mariscos e dos benefícios do litoral, fabricando balsas com o couro de lobo marinho. 

Os Changos não enfrentaram um extermínio direto como aconteceu com outras civilizações mas os espanhóis causaram seu declínio invadindo seu território, trazendo doenças como varíola, sarampo e gripe, além de desestruturar sua organização social, usando-os como mão de obra e acabando com sua cultura local, sendo forçados a adotar a religião cristã, entre outras deturpações.
E claro, também houve conflitos e mortes nesta relação.
Somente no século XXI os Changos foram reconhecidos como povo originário Chileno.

Após a ocupação dos territórios, os espanhóis dividiram a regi˜ão em duas grandes propriedades: as “Sete Irmãs” e “La Viña del Mar“.
As terras acabaram nas mãos de uma única herdeira (Mercedes Álvarez), casada com José Francisco Vergara, que elaborou o projeto de fundação da cidade de Viña del Mar, em 1874.
Logo algumas famílias começaram a construir ali suas casas de campo, e durante o verão, a elite de Santiago se mudava para Viña del Mar para curtir o clima da praia.
E que clima gostoso…

O sol quente na cabeça, e a água chegando para refrescar nossos pés…

Que água geladaaaa!!!! Bem vindo ao Oceano Pacífico…

Acabei aprendendo a curtir a praia de um jeito diferente. Eu que sou acostumado a ficar no mar o tempo todo, aprendi a caminhar e a curtir o visual…

Durante nossa estadia, a mãe natureza nos presenteou com uma ressaca monstra, chamada localmente de “Marejada”, que deu uns visuais incríveis mas um pouco assustadores kkk.

A vida noturna da cidade é bem animada, e o frio da noite é compensado por estas mantas distribuídas em um dos restaurantes que fomos beira mar…

Ah, e tem também o tradicionalíssimo relógio de flores, que traz milhares de turistas à cidade ano após ano.

Outra diversão da galera é essa: empilhar pedras!

Encontramos algumas feirinhas pra ficar naquele clima de Nordeste que todo brasileiro ama!

Viña del Mar também está repleta de… abelhas gigantes, do tamanho de besouros!

Ah, e passamos a virada do ano na beira da praia, com direito a um belo show de fogos de artifício silenciosos, só não deu pra pular as ondinhas…

Pô, e ainda tem o incrível Museu Fonck, dedicado à arqueologia e à história, inaugurado em 1937, com peças de culturas originárias do Chile, como os Mapuches, Diaguitas, Atacamños, Rapanui entre outros.
Ah, e desde 1951 existe uma estátua monolítica de pedra Moai da Ilha de Páscoa.

Um pouco do que você verá por lá:

Esse mapa me roubou o coração, ele mostra a geografia dos povos originários do Chile:

Mas deixemos um pouco de lado os atrativos naturais e culturais de Viña para mergulhar no nosso principal tema: o futebol na cidade, materializado pelo principal time, o Everton de Viña!

O Everton de Viña del Mar foi fundado por imigrantes ingleses, em 24 de junho de 1909, na cidade vizinha de Valparaíso. O nome é uma homenagem ao time homônimo inglês que em janeiro daquele ano esteve excursionando pela América do Sul:

Em 1922, se constitui como equipe de futebol (Foto do site Equipos de futbol):

Em 1935, uma decisão polêmica: o time transfere-se para a cidade vizinha de Viña del Mar o que acirrou ainda mais a rivalidade com o Santiago Wanderers (que se mantém de 1916 até hoje em Valparaíso).
O dérbi ficou conhecido como Clásico Porteño.

O Everton esteve em recesso entre 1936 e 1943, e só então passou a disputar a liga profissional. Na década seguinte teve suas maiores conquistas, começando com o Campeonato Nacional de 1950 (foto da revista Estadio, disponível no site EverForever).

Logo depois, veio o bicampeonato em 1952 (fotos da revista Estadio e do Centenário Everton). Claro que o que vem à cabeça vendo as fotos é “como a camisa parece a do Boca!”.

Durante os anos 1960 e princípios dos 1970, o clube viveu uma crise que acabou se materializando em um rebaixamento em 1972 (foto do canal Centenário Everton).

Mas com tamanho sucesso junto aos torcedores locais, o time acabou recebendo o apoio do cassino de Viña del Mar, e por isso são conhecidos como Los ruleteros.
Assim, já no ano seguinte, o time volta à primeira divisão.
E, em 1976, veio o terceiro campeonato chileno (foto do site Footballkitarchive):

Com o título, veio a oportunidade de participar da Libertadores de 1977, primeira vez em um torneio internacional, com uma campanha abaixo do esperado:

Depois de um período mediano, em 2000 vem um novo rebaixamento. Em 2003, sagra-se campeão da 2ª divisão e retorna à elite.

Foi novamente campeão chileno em 2008 (Apertura).

Em 2009, fez uma campanha na Libertadores melhor do que a de 1977, mas ainda assim não se classificou.

Em junho de 2016, o Everton teve 80% de suas ações compradas pelo Grupo Pachuca (dono do Pachuca Club de Fútbol e do Club León), mas o clube não conseguiu adquirir um protagonismo no futebol chileno, terminando 2024 na 7ª colocação.

O Everton manda seus jogos no Estádio Sausalito, localizado em Viña del Mar, e aproveitamos para fazer uma visita!

O Estádio Sausalito foi construído em 8 de setembro de 1929.

É bem curioso a forma com que eles utilizam os morros, com construções diferentes das que temos acostumado a ver e que tem como resultado um visual mais bonito. Essa fica bem na entrada do Estádio:

Além de ser a casa do Everton, o Sausalito foi sede do Grupo C da Copa do Mundo de 1952, que contava com Thechoslováqui, México, Espanha e o time que entraria pra história ao conquistar o bicampeonato mundial: Brasil, il il.

Sem mais demora, é hora de adentrar a mais um lugar sagrado do futebol sulamericano. Bem vindo ao Estádio Sausalito!

O Sausalito tem capacidade para cerca de 25 mil torcedores, mas já recebeu mais de 30 mil em algumas partidas do passado.

Olha aí o meio campo:

O gol da direita:

O gol da esquerda:

Aqui, o banco de reservas.

Aprovado pelo padrão As Mil Camisas de bancos de reserva!

O Brasil mandou os 3 jogos da primeira fase em Sausalito: Brasil 2×0 México, Brasil 0x0 Tchecoslováquia e Brasil 2×1 Espanha.

Olha que lindo esse vídeo do último jogo:

Além disso, recebeu a partida de quartas de final (Brasil 3×1 Inglaterra), e como se pode ver, o Estádio era bem diferente naquela época:

Além disso, o Estádio Sausalito foi sede da Copa América de 1991 e de 2015, bem como os Jogos Pan-americanos de 2023.

Seguindo as normas da FIFA, o Estádio todo está com cadeiras demarcando seus lugares.

Foi uma sensação curiosa, pensar que entrei praticamente pelo mesmo lugar que aquele timaço do Brasil entrou em 1962…

Na parte interna existe um mini memorial das competições que o Estádio recebeu.

Ao lado do Estádio existe um lindo lago que dá um visual único ao local!

Aqui, em foto da Fanpage Santiago do Chile para brasileiros:

Olha ele aqui na “vida real” (o sol nos prejudicou nessa última imagem kkkk 🙂
Mas enfim, concluo esse primeiro post sobre nosso rolê no Chile com a sensação de que curtimos o suficiente Viña del Mar, suas praias, museus e principalmente seu futebol… Gracias!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

155- Camisa da Universidad del Chile

A 155a camisa de futebol da nossa história foi presente de um casal de amigos muito bacana, lá de Santiago, o José e a Javi.

Eles estiveram um tempo aqui no Brasil, e pudemos mais uma vez ver como o futebol pode ser capaz de reunir as pessoas.
Levamos os dois até o Estádio Bruno José Daniel, onde o Santo André manda seus jogos.

Mas também fizemos uns rolês menos boleiros, como a visita ao pico o Jaraguá, guiados por Gabriel Uchida, que decidiu mostrar seu lado atlético!

A camisa defende as cores do time que eles torcem, a Universidad de Chile.

O site do time da Universidad de Chile é www.udechile.cl.

O time nasceu em 1927, com a fusão do Internado Football Club, do Club Atlético Universitario e do Club Náutico Universitario, com o apoio da Associação Desportiva da Universidade do Chile. Esse foi o primeiro time da La U:

A partir de 1938, passou a disputar o campeonato profissional. Esse é o time daquele ano:

Em 1940, conquistou seu primeiro campeonato nacional.

Em 1959, um novo título. O time já se tornara um dos mais populares da capital.

Os anos 60 deram o apelido ao time de ” O Ballet azul” devido às boas atuações, coroadas com títulos em 1962, 64, 65, 67, 68 e 69.

Em 1970, o time alcançou as semifinais da Copa Libertadores, sendo derrotado pelo Penarol, em partida extra disputada em Avellaneda.

Os anos 70 trariam ainda um grande recorde de vitórias sobre a rival Universidad Católica: foram mais de 13 anos sem derrotas. Esse é o time de 1976:

Mas, os anos 70 passaram sem grandes conquistas para o time. E os anos 80 ainda trouxeram grande crise financeira para o time. Chegaram a fazer uma rifa para construção do estádio que acabou não dando certo. Como momento mais trágico, em 1988, o time caiu para a segunda divisão.

No ano seguinte, o time já estaria de volta à primeira divisão. Nos anos 90, 3 títulos nacionais em 1994, 95 e 99. Esse era o time de 99:

Em 2000, novo título, abrindo bem a nova década!

O Campeonato Chileno passou a ser disputado como os demais na América Latina: com um torneio abertura e um clausura, e o time conquistou mais um título em 2004 (abertura).

Em 2006, embora o time estivesse melhor do ponto de vista técnico, a crise econômica e jurídica do clube se agravou e para que o mesmo não fechasse as portas, foi feita uma concessão à Azul Azul S.A. para a gestão do clube por um período de 30 a 45 anos.

A parceria ao menos manteve o clube como um time de ponta, trazendo os títulos dos Torneios Abertura de 2009, 2011 e 2012 e o clausura de 2011.

Em 2010, o time foi semifinalista da Libertadores.

Em 2011, veio a conquista da Copa Sulamericana, passando por equipes como o Flamengo, Arsenal, Vasco da Gama, e batendo a LDU (Liga de Quito de Ecuador) na final.

Nós já estivemos em Santiago por duas vezes e em ambas fomos a jogos da Universidad de Chile, veja aqui como foi em 2011 e aqui como foi em 2012. Pra quem tem preguiça de entrar nos links, seguem algumas fotos desses roles, aqui em frente ao Estádio Nacional, em 2011:

Aqui, dentro do Estádio:

Estádios são ambientes incríveis para se conhecer um país!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

Em busca do Estádio Perdido: La cancha de Union Espanola

Além de assistir a partidas, eu gosto bastante de visitar os estádios e poder vivenciar experiências mais “intimistas”.

E foi o que aconteceu em Santiago quando fomos visitar o Estádio do Union Española.

Ah, vale reforçar que visitar um estádio em dia normal é sempre uma aventura. E nem sempre dá certo. Tem estádios onde preferem manter os vistantes longe. No Estádio Santa Laura (esse é o nome do campo do Union Esapañola), tivemos a sorte de contar com dois seguranças muito gente boa.

Após uma espera de quase 1 hora (o time profissional estava treinando e o técnico não permitiu nossa entrada…) finalmente conseguimos conhecer a parte interna do estádio.

Além de conhecer o Estádio, pudemos bater um papo com alguns dos jogadores sub-20 que estavam por ali. A categoria de base do time é levada a sério e o sub-18 é o atual campeão chileno.

As cores amarelo e vermelho são homenagem à Espanha, mas confesso que também me fez pensar em como seria o estádio do Red Bull…

Ah, e por falar em Espanha, algumas pessoas tem um pouco de bronca em relação ao time da Union Española porque dizem que foi fundado por admiradores do General Franco, fascista espanhol. Atualmente, parece que o time não matém nenhuma ligação com esse tipo de corrente ideológica.

A gente pode andar pelas arquibancadas tranquilamente, mas o calor era muito forte, nem deu pra exagerar, mas valeu a pena!

Ali ao fundo, pode se ver ao longe os prédios que ficam lá no centro. Pra se ter uma ideia a gente demorou mais ou menos 15 minutos num taxi.

O Estádio é muito bem cuidado. Tem uma capacidade para mais de 30 mil pessoas e foi usado na semana seguinte à nossa visita, pela La U, num jogo da Libertadores contra o Godoy Cruz.

Mais um estádio para termos em nossa memória.

Aliás, comecei a forçar a memória e tentar lembrar de algum jogo da Union Española e foi quando eu ouvi o nome do treinador, que tudo ficou claro. O treinador é um ex jogador deles que também jogou no Brasil, pelo São Paulo: Sierra!

Enquanto andávamos pelo campo e observávamos alguns detalhes os caras começaram a irrigar o campo. Confesso que achei estranho, pois num calor daqueles a grama ia ser cozida.

Para maiores informações sobre o Union Española, o site do time é www.unionespanola.cl .

Fica aí mais uma experiência no rolê boleiro que segue nos ensinando tanto…

Apoie o time da sua cidade!

]]>