Esporte Clube São Paulo de Itanhaém

Puxa, confesso que fiquei enciumado com o fato de eu ter registrado os Estádios em Peruíbe e em Cananéia (sem contar que algum tempinho atrás já havíamos falado dos estádios em Registro e até em Mongaguá) e jamais ter dedicado uma linha do blog As Mil Camisas à cidade que amo tanto: Itanhaém.

Amo Itanhaém

Se ao falarmos de Cananéia, tivemos tantas histórias (do Bacharel da Cananéia e as possíveis expedições secretas “pré-Cabral”, ao potencial ecológico da cidade e suas ilhas!), Itanhaém não fica atrás.

Itanhaém é a segunda cidade mais antiga do Brasil, fundada em 22 de abril de 1532, por Martim Afonso de Souza, que enriqueceu com a exploração das colônias portuguesas, principalmente na Índia (dinheiro obtido de formas bastante questionáveis). Você pode encontrar o busto dele na praça central de Itanhaém, no pé do morro do convento.

Martim Afonso Souza - Itanhaém

Itanhaém é citada no incrível livro do alemão Hans Staden, “Duas viagens ao Brasil“, no qual ele descreve seu naufrágio (provavelmente na região da barra do rio Itanhaém) e o período em que foi refém por meses (aí já entre o litoral norte de SP e o RJ), sendo ameaçado de virar jantar no ritual canibal dos índios tupinambas.

Duas viagens ao Brasil - Hans Staden

A “Vila de Conceição de Itanhaém” chegou a ser cabeça de capitania, tendo como primeiro Governador e Ouvidor o Capitão João Moura Fogaça.

Desde cedo, Itanhaém teve sua igreja matriz no alto do Morro do Itaguaçu até 1639, quando a chegada dos Jesuítas que viviam em outra área da cidade (na Aldeia de João Batista, onde fica Peruíbe atualmente) foi construído o Convento Nossa Senhora da Conceição (que está por lá até hoje).

Convento de Nossa Senhora da Conceição

Atualmente o convento está fechado, mas tem uma família de saguis vivendo por ali.

Sagui - Itanhaém

Com o surgimento do convento, a partir de 1639 foi construída uma nova Igreja Matriz, que “desceu o morro”. Ela também está lá até hoje.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição - Itanhaém

Olha um comparativo do centro:

Itanhaém
Itanhaém

A descoberta do ouro em outras regiões do Brasil fez com que muitas pessoas abandonassem a cidade. Itanhaém viveu seu declínio até voltar a se desenvolver já no século XX. Mas sua beleza seguiu por todos esse tempo. Veja a barra onde o rio Itanhaém encontra o oceano:

Itanhaém

Muitas pedras ilustram seu litoral e dão nome à cidade, já que Itanháem pode significar pedra que canta, ou que choraminga (acho que é daí que nasceu o uso de nhem nhem nhem como sinônimo de choro):

Praia - Itanhaém
Praia - Itanhaém

Muitas pessoas ainda vivem da pesca em Itanhaém.

Itanhaém
Rio Itanhaém

Itanhaém tem ainda uma série de “recortes” em seu litoral que dão um ar só seu, se comparado às demais cidades do litoral sul.

Mar - Itanhaém
Mar Itanhaém

E assim, no meio de tantas belezas naturais e de tantas histórias e estórias, nasceu um time de futebol local: o Esporte Clube São Paulo, em homenagem ao homônimo da capital.

EC São Paulo de Itanhaém

O time foi fundado em 25 de janeiro de 1934 e por muito tempo disputou as competições amadoras, levando a campo sua camisa tricolor.

EC São Paulo - Itanhaém

Falando em camisa, o site Só Futebol Brasil oferece a quem tenha interesse uma réplica atual da camisa:

Pesquisando em umas fotos antigas, descobri que sua sede ficava logo abaixo do morro do convento, como se vê:

EC São Paulo - Itanhaém

O antigo campo ficava bem próximo da barra do rio (dá pra ver o campo na parte central da foto abaixo):

Antigo Estádio do EC São Paulo de Itanhaém

E se for pra falar de fotos antigas, olha essa dos anos 60:

Esporte Clube São Paulo - Itanhaém
EC São Paulo - Itanhaém

Amistoso em 1965 contra a AA Guimarães de Cubatão:

Em 1966, o time se aventurou no futebol profissional, disputando a quarta divisão paulista, chamada na época de “Terceira Divisão“:

EC São Paulo - Itanhaém 1966

Essas não tiveram a data confirmada, mas aparentemente são dos anos 70:

EC São Paulo - Itanhaém
EC São Paulo - Itanhaém
EC São Paulo - Itanhaém
EC São Paulo - Itanhaém

O legal do EC São Paulo é que o time sobreviveu e segue disputando os campeonatos amadores.

EC São Paulo - Itanhaém

Esse é o time de 2018:

EC São Paulo - Itanhaém

E esse o de 2019:

EC São Paulo - Itanhaém

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

]]>

Garotos Podres – Maio Soçaite 2012

25 de maio de 2012. Sexta feira. O fim de semana anunciado como frio e chuvoso começa a se desenhar como dias de sol e calor. Há algum tempo, temos mostrado o futebol do lado da arquibancada, é hora de voltar a ocupar lugar em um time, o lugar mágico escolhido é Itanhaém, no litoral sul de São Paulo. Mais uma vez, vou jogar pelo Garotos Podres. Pra quem não conhece, vale ler o post que fizemos sobre o time pra entender um pouco sobre a história.

O Campeonato Maio Soçaite já é bastante tradicional. A edição de 2012 é a de número XVI e os Garotos Podres são o time com maior número de participações. Aliás, quem quiser lembrar como foi a edição de 2011, basta clicar aqui e ler o post.

Os que já conhecem o time, devem ter percebido logo de cara uma novidade. Os uniformes 2012 foram apresentados junto do campeonato e surpreenderam a todos que já estavam acostumados à predominância verde e preto.

Mais uma realização do diretor Bruno Milani, que fez questão de apresentar as mudanças, como os cordões no pescoço, dando um ar retrô às camisas. Igor foi o primeiro a receber a nova camisa.

Fiquei bastante contente em receber a camisa 4, que defendo desde o início do time!

Ao chegarmos ao Satélite Esporte Clube, em Itanhaém, onde ocorre o campeonato, soubemos que dois times não poderiam comparecer, o que na prática significava que teríamos apenas um jogo para tentar se classificar para a fase seguinte e o adversário, o segundo quadro da AABB de Três Pontas-MG.

Não é preciso teorizar para ver a relação entre os atletas do nosso time. Antes da bola rolar os já quase veteranos Rodrigo e Bruno se permitiam um abraço para celebrar a conquista de mais um ano jogando juntos.

Antes da bola rolar, um último papo, celebrando nossa amizade e a força do futebol como instrumento social de integração. Ah, e é claro, a foto oficial do Campeonato. As mãos formando as letras “L” e “O” são uma singela homenagem da nossa equipe ao “Lôlo”, salva vidas que trabalhou em Itanhaém sua vida toda, cuidando do pessoal e que infelizmente faleceu este ano. Obrigado Lôlo!!! E pra quem ficou curioso em saber o que foi o papo, a Mari deu um jeito de registrar este belo momento!

O jogo começou truncado, a gente foi sabendo que nossa fortaleza principal é montar uma retranca resistente, o que exige muita conversa entre o time todo.

Embora o time adversário seja conhecido e considerado mais amigo do que adversário, a torcida deles fez uma boa pressão no nosso goleiro.

Por mais que o jogo e o resultado não seja o mais importante, sempre que entramos em campo, estamos ali pra fazer o melhor, respeitando o adversário, mas transformando o jogo numa final de libertadores. E soçaite é um formato cada vez mais corrido, e sabendo que não estamos na melhor das formas físicas, foi mais superação que inspiração… Mas nosso time atacou também, olha aí’o Bruno arrancando pra cima do time adversário… Olha eu ali sozinho na esquerda… Toca, Brunão!!! heheehe.

O jogo corria bem até que um lance polêmico esquentou os ânimos. Num lance esquisito, onde o atacante adversário empurrou nosso goleiro, o juizão titubeou e deu o gol…. E pressionar é com a gente… Ainda que dê uma impressão negativa, nosso time dificilmente falta com a educação à arbitragem e aos adversários, mas a gente não deixa Acabei levando um amarelo e fui substituído para esfriar a cabeça e saí de campo acompanhado pela segurança, mesário e até o fotógrafo…

A pressão até ajudou a gente a ter mais vontade no segundo tempo, mas após um momento de abafa do nosso time, acabamos levando o segundo e derradeiro gol. Final: Garotos Podres 0x2 AABB Três Pontas-MG Após o jogo, os jogadores do time mostraram-se satisfeitos com mais uma participação. “Incrível, precisamos fazer isso mais vezes”, comentou o eterno camisa 6, Rodrigo, cheio de fôlego. “Foi um jogo só e estava em um momento de pós gripe”, tentou explicar Murilo, um dos melhores em campo. Ao final, mais um momento em que percebo como futebol e família tem tudo a ver. Eu, a Mari e meu irmão em uma foto para guardar para posteridade. Pra quem não conhece Itanhaém, a cidade é a segunda mais antiga do Brasil e segue o mesmo “andar” do nosso país: sua população cresce, acontecem diversas obras e melhorias e se por um lado perde o charme de ser uma pequena cidade litorânea, por outro apresenta uma série de benefícios. Mas ainda há muito a ser feito, para manter as pequenas coisas que a cidade tem do ponto de vista ecológico, das pequenas corujas que aparecem a noite para vislumbrar o mar…

Aproveitei para dar uma volta pela cidade, e vale dividir algumas fotos de lugares lindos e mágicos, como a praia dos pescadores.

Aqui, uma vista especial, lá do alto…

Aqui, um dos motivos pelo qual o time anda pesadinho… Esse foi o almoço de um dos jogadores.

Além da boa comida e das belas paisagens, o mar de Itanhaém deu ondas de mais de 2 metros no sábado, para a alegria do Murilo e do Rodrigo que caíram na água.

Enfim, mais um fim de semana de futebol com os amigos e familiares.

Sem grandes mudanças no mundo lá fora, mas fazendo, ou melhor, mantendo a revolução do nosso mundo, do nosso dia a dia.

Obrigado a todos os atletas, adversários, juízes, organizadores, amigos e parentes…

Apoie o time da sua área.

Mas nunca esqueça do seu time de Garoto!!!

]]>

100- Camisa do Garotos Podres

Enfim, a centésima camisa.
E para comemorar, tinha que ser uma especial, que fizesse a diferença na minha vida e me motivasse a continuar o trabalho com o blog.
Assim, apresento a camisa do Garotos Podres, time do qual faço parte e ajudei a formar em1995.

Pra mim, o time representa a essência do futebol que sempre sonhei: união, atitude, amizade, família, ética…
Tantos valores que aprendemos ou reforçamos em campo e que acabamos levando para a vida.

O Garotos Podres (óbvia referência à banda punk/Oi! do grande ABC) nasceu em julho de 1995, na cidade de Itanhaém.

Diferente da maior parte dos times, nascemos da dor da derrota e não da alegria das vitórias, numa tarde chuvosa, após levarmos um 3×0 de um time de “boleiros” numa partida de futebol de salão.

Nascia ali, no futebol de salão o “Garotos Podres”, com Léo, Rodrigo, Caio Tâmbara, Bruno Milani e eu.

Naquele ano disputamos nosso primeiro campeonato, ainda com uniformes emprestados.

Jogamos contra a AABB Santo André e após um primeiro tempo incrível (2×2) perdemos o jogo por 10×2 e aprendemos o quanto valia um banco de reservas.

No ano seguinte, nosso primeiro jogo de uniformes oficiais valeu um convite à diretoria do Satélite E.C. para um amistoso de estreia.

Aproveitamos o amistoso para estreiar também dois novos atletas, Gustavo e meu irmão Murilo. Murilo mostraria a essência do time em menos de 10 segundos, após a saída do time adversário ele apresentaria como cartão de visita um “pé alto” na altura do peito do atleta e presidente do clube “Carelli”.  A partir de então, faríamos uma série de jogos não oficiais e participaríamos anualmente dos Campeonatos Maio Soçaite e Primavera Salão, organizados pelo Satétile.

Engraçado que havia um jogador chamado Flávio que disputava a maioria dos jogos mas nunca os campeonatos.

Com esse elenco conquistamos nosso primeiro troféu (de terceiro lugar) no campeonato de futebol de salão do Satélite Esporte Clube, de 1997:

Olha aí o troféu:

Em 1998, sofremos a primeira baixa, nosso goleiro Léo deixaria o time. Em seu lugar, eu e Bruno iríamos revezar no gol. No sacrifício, Bruno marcaria época quebrando o braço durante um jogo. Chegariam também dois atletas o jovem e promissor Edu (irmão do Rodrigo) e o Marcel (meu irmão) para ajudar a compor a nossa defesa. Surgia também um novo jogo de uniformes com uma tonalidade de verde mais clara, em homenagem à seleção da África do Sul.

Este uniforme foi rapidamente abandonado pois sua gola enforcava os atletas com problemas de peso. O uniforme seguinte também foi problemático e polêmico. Devido à sua cor (todo preto com uma faixa verde na lateral) chegava a quase 50 graus nos jogos em dias de sol, como na foto abaixo, em 2000:

No fim do ano, chegariam Júnior “Português” e Caio Pompeu, primeira contratação vinda de um outro time, o “Oposição Futebol Clube“. Mesmo sendo um time entre amigos, gostávamos de dar um ar de seriedade nas decisões e praticamente paramos o clube ao anunciar a contratação oficial de Júnior, que lembra alguns detalhes dessa época:

“Eu ja fazia parte da “turma”dos temidos e respeitados Garotos Podres, andava para cima e para baixo com o pessoal e já disputava as peladas não oficiais, porém oficialmente eu ainda não fazia parte do time e isso era extremamente frustrante. Foi no Carnaval de 2000, que fui oficialmente anunciado e lembro que encarei um ritual de passagem com direito à inúmeras pancadas. Era o jeito do time dizer bem vindo”.

Abaixo, o time que disputou o cmapeonato de Soçaite, em 2003. 

Após a fratura do braço de Bruno Milani, assumi a posição de guarda metas e disputei o campeonato de 2004 no gol.

No segundo semestre, muitas novidades. Cláudio “Pitbull”, um atacante com fome de gol e o goleiro Douglão “a muralha negra”, renovaram o time, que perdera atletas para os estudos, namoradas e trabalhos. Como já era tradicional, a mudança pedia um novo jogo de uniformes. Criamos então a camisa branca (chega de calor) com a faixa transversal verde, uma das mais bonitas da história do time.

Foi com ela que disputamos os campeonatos de 2005.

Mas, a verdade é que a nossa realidade ia da glória aos desastres.
Isso porque nossa garra sempre nos orgulhava em campo, mas muitas vezes não era suficiente para impedir de sofrermos goleadas.
E foi para acabar com isso que contratamos John, nosso primeiro e único técnico, que é o foco de todos na foto abaixo, com exceção de Bruno Milani, eterno rebelde que seguia a olhar para o outro lado.

Esse foi o auge técnico do time, com direitos a treinos mensais. A consequência foi uma deliciosa vitórias sobre nosso eterno rival, o Califórnia F.C. por 4×0.

Esse time ficaria em 4º lugar em um campeonato bastante disputado!

Ah, além do trabalho em campo ou quadra, buscamos inovar também nas arquibancadas e fomos um dos primeiros times a paralisar o campeonato por vandalismo. As “Podretes” que sempre apoiaram o time desta vez encheram a quadra de fumaça verde. Um outro ponto forte da torcida é o bandeirão confeccionado pela “Nona” do Bruno e que esteve presente em vários jogos e atualmente se encontra perdido…

Mas sempre nos portamos com o respeito exigido pelo esporte e mais que isso, como uma família, composta por pessoas diferentes uma das outras, mas unidas por um mesmo ideal. Na foto abaixo, dá para ver como uníamos a agilidade de Bruno Milani com a força física de Murilão (o primeiro agachado à esquerda).

No final de 2005, um de nossos mais antigo atletas, Gustavo (o primeiro à esquerda, na foto abaixo) mudou-se para a Austrália para estudar inglês.

Para diminuir a perda, agregamos o já bastante amigo Igor assim como os gêmeos Paulo e João e os irmãos “fumetinhas” (Danilo, Felipe e Douglas). Foi aí que começamos a disputar a liga do Batalha.

Animados com tantos compromissos, desenvolvemos um uniforme homenageando o nosso jogo de camisas original (essa camisa é a que está no início do post).

Entretanto, as coisas acabaram se esfriando em 2007 e o time quase não teve jogadores suficiente para a disputa dos campeonatos.

2008 e 2009 trouxeram a maior crise ao nosso time. Não jogamos nenhum campeonato oficial.

Ainda assim, nos reencontramos fora das quadras e campos para celebrar o que de melhor o futebol nos trouxe, a amizade!

E para quem achava que a história do time acabaria por aí, veio o desafio, reerguer o time em 2010 e novamente disputar alguns torneios.

Assim, encaramos o Campeonato de soçaite, em Maio (leia mais sobre isso aqui).

O hino do time explicita o sentimento de cada atleta:

“Garotos Podres, um ideal
como esse time não há igual
Garotos Podres, avante, avante!
Raça do gol ao centroavante

Sim somos Podres, é o que somos e não vamos nos mudar
Vencer não é fácil, mas os Podres sempre irão acreditar

Avante, avante… Nossos heróis
Jamais desistam, façam por nós
Levando ao jogo, sua energia
Garotos Podres, minha alegria

Ouço a torcida, sempre a cantar
“A raça podre muito irá nos orgulhar”
Agora cante, você também
E seja Podre pro seu próprio bem.

Podres, gol!

Agora resta saber o que o futuro nos aguarda…

Odeia os dirigentes do seu time?
Monte seu próprio time!