O Estádio Elías Figueroa Brander e o futebol em Valparaíso (Rolê pelo Chile – parte 2 de 9)

Janeiro de 2025.
Ainda falando do rolê pelo Chile, após curtirmos Viña del Mar (veja aqui como foi), suas praias, cultura e seu futebol, é hora de conhecermos a vizinha Valparaíso, uma das cidades mais antigas do país, capital da homônima Província e sede do Estádio Elias Figueroa Brander, a casa do Santiago Wanderers.

Como você deve imaginar, Valparaíso também é uma cidade litorânea.

Mas Valparaíso não tem uma cultura tão forte de praias, está mais pra uma cidade portuária.
Banhada pelas gélidas águas do pacífico, a baía de Valparaíso, assim como Viña del Mar, foi habitada por milhares de anos por outros povos.
Quando da chegada dos espanhóis, o povo Changos, exímios pescadores, que utilizavam balsas de pele de lobo marinho, é que estava por lá.

O primeiro contato dos espanhóis foi em 1536 com a chegada de Diego de Almagro e seu pelotão.

Eles batizaram a baía como Valparaíso, e ainda no século XVI foi construído o porto aproveitando as características naturais do litoral, enquanto expulsavam o antigo povo Chango de suas terras milenares…

Em 1559, foi erguida uma capela onde hoje fica a igreja matriz e com ela, a região passou a receber seus primeiros moradores que utilizavam o porto para exportar vinho, sebo, couros e queijos para o Peru.

Com a independência chilena e a declaração de liberdade de comércio, Valparaíso foi declarado como porto franco (onde mercadorias podem ser depositadas sem ser taxadas).

Valparaíso tem uma topografia bem exclusiva: 44 colinas em frente ao mar, sendo que das 300 mil pessoas da cidade, 280 mil vivem no alto das colinas.
Não a toa, os elevadores se mostram tão importante e quando um deles é fechado, é compreensível a revolta da população.

Aqui é a parte de baixo da cidade, com a praça Sotomayor o principal ponto da região e onde as pessoas se concentraram durante o ano novo.

As ruas ao redor guardam uma arquitetura que parece estar parada no tempo, dando um aspecto bem legal.

Já no século XIX, Valparaíso recebeu muitos imigrantes, dando a ela um caráter cosmopolita e andar nos seus diferentes “Cerros” é uma mistura de experiências, em especial o Cerro Concepción, cheio de grafites pelas ruas…

Como se pode ver, o Cerro Concepción é uma verdadeira galeria a céu aberto.

Ainda na parte baixa da cidade, muitas manifestações pró Palestina.

Cruzamos com muitos punks e skins, ao mesmo tempo que curtimos a cidade e sua natureza. Olha que árvore linda!

Ah, senhor Simon Bolivar, que preazer encontrar o senhor por estas ruas…

Falar de Valparaíso é falar de futebol, e o time que defende as cores da cidade é o Club de Deportes Santiago Wanderers, fundado em 15 de agosto de 1892, pô, século RETRASADO!!!

Até entendo que o o nome em inglês reflete a força da imigração britânica para a cidade, mas sempre me questionei porque “Santiago”… E a resposta é que o nome diferenciava o clube de outra equipe citadina o Valparaíso Wanderers, que já nem existe mais. Muitas vezes foi levantada a ideia de substituir “Santiago” por “Valparaíso” mas nunca chegaram em uma decisão nesse sentido.

O Santiago Wanderers começa a montar suas equipes de futebol em 1897, sendo membro fundador da Asociación Profesional Porteña e juntando-se, em 1944, à Asociación Central de Fútbol (ANFP desde 1987).
O primeiro título de Campeão Chileno veio em 1958 (foto do site Memória Wanderers):

No ano seguinte, sagrou-se Campeão da Copa Chile em 1959:

Novamente levantou a Copa Chile, em 1961:

O segundo título do Campeonato Chileno veio em 1968 (Foto do site Memória Wanderers), com o time:

Em 1977 foi rebaixado para a 2ª divisão, da qual sai campeão no ano seguinte (1978):

Depois são quase 20 anos sem títulos até mais uma vez sagra-se campeão da 2ª Divisão em 1995:

Mas em 2001, o time volta a sagrar-se campeão chileno da 1ª divisão.

Em 2017, o Santiago Wanderes é mais uma vez campeão da Copa Chile.

Porém desde que foi rebaixado em 2022 segue na luta pelo retorno à divisão de elite do futebol chileno.

O Santiago Wanderers manda seus jogos no Estadio Elías Figueroa Brander, e fomos lá para registrar mais este templo do futebol.

O Estádio também é conhecido como “Playa Ancha” e entre tantas alegrias, o povo chileno faz questão de manter viva a lembrança de um momento triste para que ele nunca se repita: a ditadura militar.
Milhares de homens e mulheres foram presos e torturados vivendo uma rotina de terror no então estádio de Playa Ancha.

Outro desdobramento deste triste passado é que a barra brava do Wanderers é bastante ativa politicamente se posicionando como uma torcida antifascista.

O Estádio é ainda chamado de Regional Chiledeportes.

Antes de entrar no Estádio, achei legal dar uma volta em seu entorno e poder registrar esses quatro campos modelo “terrão” como aqui no Brasil, onde o futebol amador de Valparaíso pode se desenvolver bem pertinho do principal estádio da cidade.

Agora sim, é hora de adentrar ao Estadio Elías Figueroa Brander. Vamos ao campo!

O nosso tradicional registro do meio campo:

O gol da esquerda:

O gol da direita:

Um olhar geral:

Percebe que existe um certo padrão se comparado ao estádio de Viña del Mar? As cadeirinhas no padrão FIFA acomodam 23 mil torcedores, com um destaque para a bonita área coberta do estádio:

O Estádio foi construído em 1931 e passou por uma renovação em 2014.

Olha aí como o seu exemplo é importante…

Uma curiosidade é este pequeno “memorial” em pleno campo, do ex atleta Gustavo Poirrier, o “Laucha” que atuou no Santiago Wanderers na década de 80 e que faleceu em 4 de janeiro de 2003 enquanto jogava um amistoso em uma liga amadora em Nova York.

O Estádio recebeu ainda os jogos do Futebol nos Jogos Pan-Americanos de 2023.

Antes de ir embora, um registro dos adesivos das torcida em várias placas de identificação:

Um último olhar antes de irmos para a próxima parada: a praia de Algarrobo.

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O futebol em Paraty – RJ

Em mais um registro interestadual, o rolê dessa vez foi por terras fluminenses: a histórica cidade de Paraty!

Foram cerca de 3 horas daqui do ABC até chegar nesta linda cidade, ocupada durante tanto tempo por tribos tamoios, até a chegada dos portugueses (e franceses) no século XVI (com expedições de Martim Afonso de Sousa, e ainda antes a de Martim Correia de Sá).

Povos Indígenas Brasileiros: Tamoios

A atual cidade começou a surgir em torno do rio Perequê-Açu, o atual Morro do Forte. Ali bem próximo dele está o Forte Defensor Perpétuo.

Atualmente, além da relação com o mercado literário (graças à FLIP), Paraty é cada vez mais conhecida como um recanto de praias e passeios incríveis.

Águas limpas, cenários deslumbrantes …

E a certeza de nunca estar nadando sozinho…

Nadadeiras podem levar o seu passeio a um outro nível. Se você está pensando em viajar pra lá, acrescente esse item na sua mochila!

Ah, uma coisa que precisa ficar claro é que pra se acessar as praias mais bonitas é necessário ir de barco, então leve uma grana pra investir nesses deslocamentos (mas vale a pena!)

A cidade oferece muitas comidinhas gostosas… E o preço nem é tão absurdo pra quem está acostumado aos custos de viver no ABC.

Em terra firme, a cidade é cheia de artistas, inclusive indígenas que expõe suas obras por ali.

Várias igrejas históricas de séculos atrás também estão pela cidade.

Além disso, dá pra se deliciar com um passeio desestabilizado nas ruas de pedra do centro.

Estivemos em Paraty para viver todas essas aventuras e também para registrar o Estádio Municipal Antônio Mário Pompeu Nardelli.

O Estádio fica bem próximo do centro na Avenida Roberto Silveira.

Dá uma olhada no mapa e perceba o estádio ali na parte esquerda e como fica próximo do mar.

Olha aí a lateral do estádio que fica na Avenida:

O Estádio Municipal Antônio Mário Pompeu Nardelli é a casa do futebol da cidade! E como em quase todo lugar, o futebol nasceu em Paraty com os times amadores, dos quais destacou-se o Pontal Esporte Clube, que fez história nas décadas de 50 e 60.

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Outro que nasceu no futebol amador foi o Paratiense Atlético Clube, fundado em 9 de setembro de 1944 e grande rival do Pontal EC.

Depois de ter feito história no futebol amador, o Paratiense AC se filiou na FERJ e disputou a Terceira Divisão de 1998, classificando-se para a segunda fase, na vice liderança, atrás do Rodoviário Piraí Futebol Clube, mas no hexagonal final acabou em último lugar.

Em 1999 , fez uma péssima campanha terminando em último no seu grupo sem vencer uma partida e preferiu se licenciar do futebol profissional. Em 2008, o clube deixou de existir.

Em 2013, surge a Associação Esportiva Independente Futebol Clube.

ESCUDOS DO MUNDO INTEIRO: NOVO CLUBE PROFISSIONAL NO RIO DE JANEIRO: S.E.  PARATY

Em setembro de 2021, alterou seu nome e identidade visual para o atual: Sociedade Esportiva Paraty.

Pra se integrar à cidade, o clube realizou uma peneira com a molecada da região para as categorias Sub-15, Sub-17 e Sub-20.

E com a SE Paraty, a cidade voltou a ter uma equipe disputando as competições profissionais do Rio de Janeiro, disputando a Série C do Campeonato Carioca (o quinto nível do futebol carioca).

O time terminou a competição de 2022 em 6º lugar.

Mas nem todas as partidas foram disputadas no Estádio Municipal Antônio Mário Pompeu Nardelli, a maior parte das partidas foram mandadas lá em Angra.

Dê uma conferida no estádio por dentro:

O Estádio Municipal Antônio Mário Pompeu Nardelli temcapacidade para cerca de mil torcedores.

Olha que bacana as arquibancadas em madeira.

Aí está o sistema de iluminação:

O gramado estava um pouco sofrido no dia da nossa visita, mas provavelmente enquanto o campo não se tornar o campo de jogo oficial, ele ficará um pouco de lado.

Ali atrás do gol, o clube mantém uma estrutura pra sua organização.

Mais um lindo campo que registramos encravado na Mata Atlântica!

Aqui, o meio campo:

Gol da direita:

Gol da esquerda:

Olha aí os vestiários:

Uma última foto do gol…

Após muitas praias e aventuras, já era tempo de pegar a estrada…

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