O Estádio Municipal de La Cisterna e o Club Deportivo Palestino (Rolê pelo Chile – parte 5 de 9)

Janeiro de 2025.
5º post sobre nosso rolê pelo Chile.
Após falarmos sobre Viña del Mar (clique para ver os posts), Valparaíso, Algarrobo e Curacaví agora vamos dedicar alguns posts para falar sobre o futebol na capital chilena, começando pelo Estádio Municipal de La Cisterna, a casa do Palestino!

Santiago é uma cidade bem interessante e pudemos fazer várias conexões com a nossa realidade.

A primeira delas foi ao visitar o Museu da Memória e dos Direitos Humanos que ajuda as novas gerações de chilenos a não esquecer o golpe militar.

O Museu reúne muito material da época e ao mesmo tempo que é super informativo é um soco no estômago, ao ver que nossos irmãos chilenos passaram pela mesma dor e sofrimento que os brasileiros.

O Chile sofreu demais com assassinatos, sequestros e diversos crimes causados pelo próprio estado, sob domínio militar que tomaram o poder à força, após a eleição do presidente Alende.

Se quiser conhecer mais, dê uma olhada na página deles no Insta deles.

Também fizemos muito rolê pelo centro da cidade, nos calçadões (os “paseos”).

As duas primeiras compras que fiz no Paseo Ahumada foram bem distintas: um espremedor (de laranja!) e uma flâmula do Palestino!

Outro ponto de destaque da cidade foram os deliciosos cachorro-quentes vegetarianos do Dominó, com molho de abacate!

Fizemos também um rolê no mercado da cidade…

Eu gosto dessas estruturas antigas e espaçosas dos mercados municipais.
Sempre me pergunto quanta história aconteceu embaixo desse teto.

O Mercado Municipal de Santiago foi inaugurado em 1872 e substituiu a Plaza del Abasto, destruída por um incêndio em 1864.

Uma das lojas tinha até adesivos dos times do interior de São Paulo:

Outro fenômeno comercial de Santiago são as lojas de vinil. Incrível o número de lojas não só focadas em material usado, como também lançamentos e relançamentos. Existem lojas nos shoppings, nos supermercados e nas diversas galerias e galpões como o Galpón Bio Bio!

Trouxe esse clássico de “Los Miserables” pra casa:

Olha aí o “Um mundo de sensaciones”, de 2006, do 2 Minutos embalado como novo:

Outra banda incrível do Chile é a Ocho Bollas, aqui, o disco “Al servício”.
O preço médio varia entre 18 e 30 dolares.

Santiago também tem muitas livrarias…

Trouxe dois livros do Chile, um terror político (El sótano rojo) que traz para uma casa de 1991, fantasmas dos torturados na ditadura do Pinochet, bem pesada a leitura…

E trouxe também um livreto sobre a história do Palestino:

Animado pelo livro, nos dirigimos ao Estadio Municipal de La Cisterna, a casa do Club Deportivo Palestino!

O Estádio Municipal de La Cisterna é um espaço único e inesquecível, a começar pelos painéis pintados em sua entrada pela Avenida El Parrón, se liga que lindos:

Pra mim, acostumado a ver a polícia reprimir qualquer relação com a bandeira palestina nos Estádios foi uma sensação de grande liberdade admirar as imagens e frases nos muros.

O Club Deportivo Palestino tem mais de 100 anos de história!
Foi fundado em 20 de agosto de 1920, por imigrantes em homenagem à cultura palestina.

Vale lembrar que o Chile possui a maior colônia palestina do mundo, com cerca de 350 mil pessoas!

Depois de caminhar e fotografar seu entorno, hora de entrar no Estádio!

Cabe aqui o nosso agradecimento ao amigo Felipe que cuida das redes sociais do clube e nos recebeu nesse rolê!

Então, vamos lá, entre conosco na casa do Palestino !!!

A primeira sensação ao entrar ao Estádio La Cisterna foi um leve mal estar…

É que por um momento eu não reconheci o Estádio (onde estivemos em 2011, veja aqui como foi) e fiquei com a impressão que naquele ano havíamos assistido à partida do sub 20 em algum campo “interno”.
Depois, vendo as fotos novamente (como essa abaixo), confirmei que era sim o mesmo estádio:

O Estádio está super bem cuidado, com as cadeiras pintadas, tudo muito limpo e organizada.

E se lá fora, os murais chamam a atenção, na parte interna também existe uma verdadeira “exposição artística”!

Aqui, um grafite especial de um torcedor emblemático do Palestino, don Aníbal Canales Soto, o tio Camello que faleceu em 2024.

O Estádio de La Cisterna possui capacidade para 12 mil torcedores e foi construído em 1988. Aqui, o gol da direita:

O meio campo, com as cadeiras cobertas:

O gol da esquerda, com o trator dando um trato no campo:

O Palestino foi campeão chileno em duas oportunidades, em 1955 e 1978, quando ficou 44 jogos invicto!

O Palestino também foi campeão da segunda divisão por duas vezes, em 1952 e 1977.
Conquistou ainda a Copa Chile em 1975, 77 e 2018.

De volta ao estádio, para terminarmos este rolê!

A arquibancada atrás do gol:

A charmosa entrada dos vestiários:

E olha que linda é a arquibancada coberta:

Deu até pra passarmos na loja do clube!

A outra entrada para as arquibancadas:

Mais que um time, ou uma torcida, o Palestino carrega o amor de todo um povo!

Viva o Palestino!
Viva a Palestina!

Um último olhar mais próximo na arquibancada coberta e…

Uma saideira no bar palestino…

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O Estádio Olímpico e o futebol em Curacaví (Rolê pelo Chile – parte 4 de 9)

Janeiro de 2025.
4º post sobre nosso rolê pelo Chile.
Após falarmos sobre Viña del Mar (clique nas cidades para ver os posts), Valparaíso e Algarrobo, agora é a vez de conhecer Curacaví, seus doces incríveis e o seu futebol, com destaque para o Estádio Olímpico Curacaví.

Durante nossa estadia no Chile, por várias vezes escutamos as pessoas falarem sobre os tais “Dulces de Curacaví“, demorou até entender que Curacaví era um lugar, mais precisamente uma comuna da Região Metropolitana de Santiago localizada estrategicamente entre Algarrobo e Santiago.

Assim, lá fomos nós conhecer a cidade chilena entre as colinas da Cordilheira da Costa.

O nome da cidade tem origem Mapuche (linguagem Mapudungu) da soma das palavras “cura” e “cahuín”, que significa “encontro – ou reduç˜ão – na pedra”.
Os assentamentos pré-colombianos de Curacaví são do povo Picunche (significa “povo do norte”e essa denominação foi criada pelos historiadores para diferenciá-los dos Mapuches do sul).
Aliás, vale conhecer esse mapa dos povos originários do Chile:

Quando os espanhóis chegaram, no século XVI, os Picunches estavam enfraquecidos por combater uma invasão dos Incas (guerra Inca-Mapuche) e assim foi realmente difícil sobreviver às duas batalhas ao mesmo tempo.

Os Picunches acabaram tendo sua cultura destruída pelos espanhóis e perderam mais de 75% de sua população em menos de um século.
Ainda assim, são considerados os ancestrais ameríndios dos chilenos.
O primeiro documento oficial sobre a história de Curacaví, datado de 1550 diz que ali havia uma aldeia Promaucae (nome dado aos Picunches que viviam nesta região) e que estes foram entregues como “encomiendas” por Pedro de Valdivia a Juan Bautista Pastene.

A atual Curacaví era composta por apenas duas propriedades no século XVII que acabaram se dividindo junto aos descendentes dos proprietários.
Aos poucos o local foi se tornando ponto de parada para os viajantes já que se localiza no meio do caminho entre a capital e o litoral.
Olha que legal um dos ônibus que fazia essa linha (foto da fanpage Fotos Antigas de Curacaví):

No início do século XX, algumas famílias começaram a fazer doces, como Don Justo Poblete e aproveitando o movimento dos viajantes para vendê-los.
Os doces eram cozidos em fornos de barro e recheados com manjar, melcocha, doce de abóbora ou doce de pera.
Surgiram marcas como Los Hornitos, Agua de Piedra, Parolo, Doña Elisa e Doces ISSA.

Os doces de Curacavi viraram uma grande tradição nacional, vendidos frescos e dificilmente em supermercados.
Atualmente, existem cerca de cinquenta fábricas que produzem doces chilenos em Curacaví, e fomos conhecer estas delícias “in loco” na loja Dulces Sandy!

É difícil explicar mais porque são várias opções de sabores bem diferentes uns dos outros, mas posso dizer que não são tão doces e enjoativos.
O mais conhecido é chamado “Los Chilenitos“, tipo um sanduíche de dois biscoitos artesanais com recheio de doce de leite, como um alfajor com menos massa, tudo muito caseiro.

Dá uma olhada na loja:

É… tome um copo d’água, esqueça a água na boca e vamos falar de outra paixão chilena, além dos doces: o futebol!
E Curacaví também tem uma bela história no futebol amador e profissional, e começamos nosso rolê indo conhecer o Estádio San Luis De Campolindo.

O Estádio é a casa do CD San Luis de Campolindo, fundado em 10 de abril de 1934.

O San Luis de Campolindo é uma equipe amadora mas que já revelou jogadores para o futebol profissional e possui um estádio muito bem cuidado.

Além do estádio, o time possui uma apaixonada torcida, como se pode ver na inscrição do muro ao fundo: a Canários Wapos!

E falando em jogadores da cidade, o melhor exemplo é Roberto Gutiérrez, que estava no Estádio durante nossa visita e que jogou em diversas equipes chilenas, como o Palestino.

Olha ele dando um tapa no gramado enquanto conversamos:

E bacana a montanha ao fundo do campo né?

Atravessando para o outro lado do rio que serpenteia as costas do estádio chegamos à principal casa do futebol de Curacaví: o Estádio Olímpico Curacaví.

Também tendo a montanha como moldura. O azul das arquibancadas e até dos bancos de reserva (bastante simples) contrasta com a cor de terra da montanha e cria um cenário único, inesquecível para quem ama natureza e futebol.

A arquibancada é pequena, mas permitiu a utilização do estádio por diferentes times em competições oficiais do Chile.
Ah, e existe também um sistema de iluminação que permite partidas noturnas.

Um dos times que disputou o profissionalismo em Curacaví é o Juventud O’Higgins.

O Juventud O’Higgins foi fundado em 17 de outubro de 1956.
Entre 1986 e 1997 disputou as divisões Terceira A e a Terceira B (quarto e quinto nível do futebol chileno), e atualmente disputa o amador regional.
Aqui, o time de 2022:

A fanpage Equipes de Futbol do Chile traz algumas fotos incríveis mostrando as equipes que foram campeãs das divisões de acesso:

Em 1985, liderou o campeonato e sgrou-se campeão mais uma vez do quarto nível:

Esteve a um passo de subir para a Segunda Divisão en 1989.
Em 1993, o Juventud O’Higgins foi campeão da Terceira B pela última vez, depois de vencer o Unión Municipal La Florida por 2×1.
Em 1995 subiu para a 3ª divisão depois de ser vice campeão e, abandonando o profissionalismo em 1997 e dedicando-se atualmente apenas ao amadorismo.
Mandou seus jogos no Estádio Municipal Julio Riesco, com capacidade para cerca de mil torcedores. Não estivemos por lá, mas achei essas fotos no Google Maps:

O outro time da cidade que disputou o profissionalismo é o Curacavi FC, fundado em 22 de dezembro de 2014.

O time disputa a Terceira B desde 2015 e em 2024 foi eliminado somente nas quartas de final (para um dos times que conquistou o acesso, o Malleco Unido), classificando se em 3º na primeira fase

Esse foi o time de 2024:

E o Estádio Olímpico foi onde o Curacaví FC mandou seus jogos na Zona Central da Tercera B, a 5ª divisão do futebol chileno.

Olha aí que belo visual das arquibancadas onde cabem cerca de 1500 torcedores:

Adeus a doce Curacaví

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