O Estádio Municipal e o futebol em Campo Limpo Paulista-SP

Novembro de 2024.
Aproveitamos o feriado do dia 15, para seguir a linha do trem “Rio Grande da Serra – Jundiaí” até uma cidade que já participou do futebol profissional e que ainda não tínhamos visitado: Campo Limpo Paulista! (foto do site da Prefeitura)

Falando sobre a formação da cidade, é difícil detalhar quem foram os primeiros a ocupar a região, mas a presença da água (o atual “rio Jundiaí”) deve ter atraído pessoas de tempos em tempos.
Os primeiros europeus que chegaram na região citam os Tupi Guarani e seus parentes (Tupiniquim, M’byá entre outros) como os habitantes do local.

A partir da metade do século XVI, os portugueses passam a realizar expedições para aprisionar indígenas e procurar metais e pedras preciosas Brasil adentro.
Com o tempo, se apossaram das terras estrategicamente localizadas para criarem pontos de paradas para as “bandeiras”.
Campo Limpo Paulista passou por um processo similar. Vale lembrar que a cidade se emancipou de Jundiaí em 1965, então o começo da história das duas cidades é o mesmo, até porque são todas limítrofes.

O fato que potencializou a região foi a Estrada de Ferro São Paulo Railway, construída entre 1862 e 1867, ligando Jundiaí a Santos e primeira estrada de ferro paulista. Por ela, toda a produção de café foi transportado até a década de 1930.
A estação de Campo Limpo foi inaugurada em 1881 para agir como entroncamento da E. F. Bragantina, aqui em foto nos anos 20 do site Estações Ferroviárias.

Outro ponto importante para o desenvolvimento da cidade é que de 1947 até 1951 Campo Limpo Paulista sediou a Hospedaria de Imigrantes ocupando antigos galpões de depósito de café para abrigar refugiados da Polônia, Ucrânia, Lituânia, Hungria, Rússia, Iugoslávia, República Tcheca e apátridas.

Quando falamos do futebol da cidade, é necessário citar 4 times que se aventuraram no profissionalismo :

O primeiro deles é o Corinthians Futebol Clube, fundado em 1974.

O Corinthians FC entra pra história por ser o primeiro time da cidade a disputar uma competição profissional: o Campeonato Paulista da Terceira Divis˜ão de 1976.

Na sequência, a cidade contou com a Associação Atlética Campo Limpo Paulista, fundada em 1980.

Em 1981, a AA Campo Limpo Paulista estreou no futebol profissional, na Terceira Divisão.
Foi um campeonato complexo, com 6 grupos, que disputariam 2 turnos. Os campeões de cada turno (definidos após semifinal e final) se enfrentaram definindo o campeão do grupo e classificando-se para um hexagonal final, de onde o Cruzeiro sagrou-se campeão.
Jogando no grupo Vermelho, a AA Campo Limpo Paulista terminou em 3º e perdendo a semifinal para o Cruzeiro (0x0 e 2×0).

No segundo turno, novamente a AA Campo Limpo Paulista se classifica mas é eliminada na semifinal.

A boa campanha levou a AA Campo Limpo Paulista para a segunda divisão de 1982. foi promovida para a Segunda Divisão, em mais um campeonato complexo, dividido em 2 turnos de duas etapas cada e um quadrangular como fase final.
Na 1ª etapa do primeiro turno, jogando no Grupo Preto, a AA Campo Limpo Paulista termina na 4ª colocação do seu grupo, a série D.

Assim, o time se classifica para a 2ª etapa do 1º turno, onde terminou em 2º lugar, tendo o Bragantino como campeão do grupo.

No 2º turno, termina a 1ª fase na última colocaç˜ao, não se classificando para a 2ª fase do turno.

Infelizmente, entendendo que não teria a estrutura e verba necessária para seguir na disputa, acabou preferindo licenciar-se das competições profissionais.

O terceiro time da cidade foi o Sport Club Campo Limpo Paulista, fundado em 13 de Abril de 2000. O escudo veio do site do Gino!

No mesmo ano de sua fundação ingressou no Campeonato Paulista da Série B2 (o 5º nível do futebol paulista daquele ano), terminando na 8ª colocação do seu grupo.

Uma briga política fez o time mudar de cidade para a vizinha, Caieiras e seu nome para Sport Club Paulista, jogando a série B3 de 2001, chegando até à semifinal, onde perdeu para o Corinthians B.
O time sobe para a Série B2 de 2002, e faz má campanha.
Em 2003, retorna a Campo Limpo Paulista mas faz novamente uma má campanha.
Licenciou-se em 2004 e 2005, retornando em 2006 no Campeonato Paulista da Segunda Divisão (atual Série B) onde terminou a 1ª fase na 5ª colocação.

Em 2007, mais um problema de gestão levou o clube a mandar seus jogos em Salto.
Em 2008, se transferiu para Espírito Santo do Pinhal, mudando novamente o nome para Sport Club Paulista.
Licenciou-se novamente em 2009.
Depois de muitas trocas de sedes, em 2010 mudou-se para cidade de Cotia, mudando de nome, em 2011, para Cotia Futebol Clube, e disputando a Segunda Divisão (Série B) até 2013, jogando a A3 de 2014 e 2015.

O terceiro time da cidade é o Metropolitano Futebol Clube, fundado em Jundiaí, em 10 de janeiro de 2018.

O Metropolitano nasceu em Jundiaí para revelar novos jogadores sendo desde o princípio um clube-empresa.
Em 2021, se muda para Campo Limpo Paulista, e em 2022, passa a disputar as categorias de base do futebol paulista, destaque negativo para o sub 20 de 2024 terminando na lanterna do grupo 9.

Apresentados os times, hora de falar do Estádio Municipal de Campo Limpo Paulista.

O Estádio Municipal leva o nome de Aldévio Barbosa de Lemos um dos envolvidos na emancipação da cidade e faz parte do equipamento esportivo da cidade.

Tem até estacionamento!

E fomos conhecer e registrar a casa do futebol de Campo Limpo Paulista, começando pela sua bilheteria!

Venha conosco conhecer mais um estádio do futebol paulista!

As bandeiras tão admiradas pelo amigo Sérgio Gisoldi!

Foram 3 anos de construção: de 1973 a 1976 e o resultado está aí, veja que linda arquibancada coberta:

As entradas para as arquibancadas estavam fechadas, então não deu pra fazer uma foto lá em cima…

O Estádio pertence à Prefeitura Municipal e tem capacidade para 5.400 torcedores.

Olhando do lado de frente da arquibancada, este é o meio campo:

O gol da direita:

O gol da esquerda:

Dei uma volta na pista de atletismo para ter uma ideia do estádio como um todo.

Banheiros em dia!

Mais uma experiência bem sucedida com o futebol que deveria representar uma importante parte da cultura de um povo que vive ali t˜ão perto da capital e que muitas vezes não consegue gerar símbolos de identificação capazes de torná-los únicos em relação a outras cidades.

Até um recado de um punk está lá na parede!

Hora de ir embora com o sentimento de missão cumprida!

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Nacional 2×1 XV de Jaú (Segunda Divisão 2023)

Quarta feira, 16 de agosto de 2023
São Paulo é a cidade que não para, mas consegui dar uma parada no meio do trabalho para chegar até o Estádio Nicolau Alayon e acompanhar um incrível embate entre um time da capital e um digno representante do interior!

O Estádio Nicolau Alayon, também conhecido como Estádio da rua Comendador Souza, recebe partidas do Nacional desde 1938. Já parou pra pensar que talvez nem seu avô tinha nascido quando o Naça fez ali sua primeira partida?

O Estádio homenageia Nicolau Alayon, um uruguaio que foi dirigente do time, na sua origem.

O Nacional é um dos primeiros times de São Paulo e do Brasil, já que Charles Miller foi funcionário da São Paulo Railway (SPR) e acabou trazendo a cultura do futebol para os ferroviários que fundaram o São Paulo Railway Athletic Club em 16 de fevereiro de 1919, assumindo um caráter de clube operário.

Em 1946, chega ao fim a concessão da SPR e com a nacionalização da estrada de ferro, o clube precisa modificar sua denominação e inaugura o “novo nome” contra o Flamengo, jogando o primeiro tempo como “São Paulo Railway AC” e o segundo como Nacional Atlético Clube, em um Pacaembu lotado. O Flamengo venceu por 5×3. Leia no site O curioso do futebol, uma matéria legal sobre esse jogo (a foto abaixo é de lá):

O Estádio Nicolau Alayon foi inaugurado em 15 de maio de 1938 em partida contra o Corinthians (que venceu por 2×1).

Atualmente, o Estádio segue sendo a casa do Nacional e tem até uma loja oficial!

Ainda que atrasado uns 20 minutos, finalmente comprei meu ingresso e me encaminhei para assistir ao jogo.

Eu não tive muita vivência no Nicolau Alayon como tive em outros estádio próximos, mas já estive em pelo menos umas 15 partidas por aí e posso dizer que o Estádio gera em mim uma série de recordações e mesmo imaginações sobre o futebol no século passado…

Até por isso, faço questão de registrar a presença nesse embate incrível entre interior e capital!

Nem bem cheguei e saiu o gol do XV de Jaú…

Até achei que fosse o primeiro gol da partida, mas tratava-se do gol de empate dos visitantes.

Mesmo sendo uma quarta feira, a torcida visitante se fez presente!

Bem como a torcida local!

Sinta aí o clima do Estádio:

Olha aí o pessoal da Almanac, a torcida organizada do Nacional!

As bandeiras do pessoal da Almanac dão uma cara bem legal a essa arquibancada atrás do gol, com direito a lembrar da FEPASA e eu que venho de família ferroviária sempre fico muito contente de ver esse encontro entre a ferrovia e o futebol!

Empolgado pela sua torcida, o Nacional teve boas chances de se colocar a frente novamente:

Pra quem curte assistir jogos que tem grande proximidade com os atletas, o Estádio Nicolau Alayon é um daqueles que te colocam praticamente dentro do campo!

O treinador Campagnolo estava bravo, mas sabemos do potencial que ele tem de mexer no time (lembre que já vimos um jogo do XV nessa fase, veja aqui!)

Mas o time local tentava sair vencendo o jogo e até o goleirão ligava o contra ataque!

Mas ouvindo as ordens do Mr. Campagnolo, o XV de Jaú também se lançava ao ataque e teve grande oportunidade em uma falta que foi batida na barreira:

Agora é uma falta para o Nacional que faz a torcida roer as unhas!

Sempre que possível gosto de manter o registro atualizado dos estádios que visitamos, então segue aí a vista do meio campo:

Do gol esquerdo:

E do gol direito:

A vizinhança anda diferente… Olha quantos prédios cercam o estádio fazendo com que os olhos das gulosas incorporadoras sigam crescendo o lugar onde o Nacional está…

E de tanto insistir, saiu o segundo gol do Nacional!! Na hora só deu tempo de tentar uma foto, que saiu essa coisa tremida aí kkkk

Festa na bancada local!

O moço do placar é rápido: 2×1 pro time da casa!

A torcida local ficou mais tranquila?

Mais ou menos…. Pra quem carrega o amor ao time no peito ou a bandeira em mãos, estar vencendo por 1 gol sempre significa andar por um caminho estreito onde qualquer desequilíbrio pode acabar com o dia!

Então vale sim reclamar com o juiz e xingar o banco de reservas!

Intervalo de jogo e hora de conhecer o bar local, que tem uma fogazza incrível!

Mas o tempo voa e quando vejo a partida recomeçou. Serão mais 45 minutos (fora os acréscimos) para a torcida do Nacional poder celebrar 3 importantíssimos pontos.

Do outro lado, para a torcida do XV, 45 minutos se passariam em incrível velocidade caso o empate não seja rapidamente alcançado.

Alguns torcedores do XV até mudaram de lugar pra ver se a sorte também mudava…

Enfim, nervos a flor da pele já que agora toda partida é uma decisão em busca do acesso!

Na parte coberta do estádio, onde o sol não incomoda tanto, o risco do empate deixava todo mundo apreensivo…

Assim como o bom goleiro Romário tornava mais difícil a missão de ampliar o resultado pra 3×1 e matar o jogo.

No outro jogo do grupo, o União São João fazia 1×0 no Joseense, em São José, deixando a missão da classificação para a última rodada…

A segunda divisão do paulista é assim… Emoção até o fim!

Falta para o Nacional, será agora o gol que fecha o placar?

E teve contra ataque para os ferroviários…. Mas nada do 3º gol…

E teve escanteio para o Nacional também:

Mas, mesmo a tarde aprazível chegou em seu momento final e o árbitro apitou o fim da partida!

O treinador do XV foi a loucura, mas mesmo perdendo, o time visitante mostrou força e tem boas chances de se classificar!

A imagem reflete a sensação de superação dos atletas do Nacional, que com certeza chegaram mais longe do que muitos acreditavam, ao mesmo tempo em que demonstra certa incredulidade do atleta do XV que estava confiante em um resultado melhor. Mas este é o campo da rua Comendador Souza e aqui, mandam os ferroviários do Nacional!

Hora de ir embora pelo bairro pacato que abriga o time tão tradicional…

Abraços aos amigos que estavam acompanhando a partida: Fernando, pessoal do Jogos Perdidos, Sérgio (Futebol Alternativo TV) e a torcida local que nos recebeu bem.

Sendo um time de história ferroviária, nada melhor do que pegar o trem na Água Branca e rumar de volta ao ABC!

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